30 de abril de 2012. A pequena Vitória Graziela, de 6 anos, sumiu no Fortunato Rocha Lima, em Bauru. Dois dias depois, Renato Alexandre Cury Martinelli, que costumava dar doces para as crianças do bairro, confessou o homicídio e indicou a localização do corpo. Em 2019, ele foi condenado a 50 anos de prisão. Apesar do desfecho cruel e trágico, os pais puderam se despedir da pequena, algo que não ocorre em outras ocorrências de desaparecimento e que deixa os familiares vivendo uma angústia sem fim. Atualmente, a cidade tem 15 investigações em aberto de pessoas que sumiram.
Diante dessa realidade que ocorre em todo o Estado, a Polícia Científica de São Paulo resolveu fazer uma força-tarefa para coletar o DNA dos parentes mais próximos dos desaparecidos até esta sexta (18). Os interessados de Bauru e região deverão agendar e procurar pelo IML, que fica na rua Pascoal Luciano, 3-74, na região central do município.
Titular da 3.ª Delegacia de Homicídios, órgão responsável por investigar desaparecimentos em Bauru, o delegado Cledson Nascimento explica que nem todos os casos em aberto representam pessoas, de fato, sumidas. "Muitas vezes, os desaparecidos retornam, mas as famílias não comunicam a polícia, algo extremamente prejudicial, porque nós deixamos de nos concentrar em situações que realmente requerem o nosso esforço", comenta.
Ainda segundo o delegado, depois do registro do boletim de ocorrência (BO) junto à Delegacia Eletrônica ou ao Plantão Policial, a corporação instaura o chamado Procedimento Interno de Desaparecimento (PID), momento em que inicia as investigações. "Na maioria das vezes, os desaparecidos não querem ser encontrados. Os homens costumam sumir durante a recaída do vício nas drogas e as mulheres, principalmente, as adolescentes, deixam a casa dos pais para viver com algum amigo ou namorado", descreve.
Por isso, os casos que fogem desse padrão, como aqueles que envolvem crianças, idosos e pessoas com deficiência, preocupam ainda mais a polícia. "Das 15 ocorrências de desaparecimento em aberto, o paradeiro de algumas pessoas ainda é desconhecido, fato que justifica a importância de coletar o DNA dos familiares mais próximos, dando a eles a chance de conseguir um desfecho", observa.
FORÇA-TAREFA
Na semana passada, a Polícia Científica iniciou o agendamento para cadastrar os perfis genéticos dos parentes mais próximos dos desaparecidos junto ao Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). A coleta do DNA dessas pessoas ocorre até esta sexta-feira (18) em todo o território paulista. Em Bauru, a ação acontece na sede do IML.
A medida faz parte de uma campanha nacional lançada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em 25 de maio deste ano, para estimular os familiares dos desaparecidos a doar o seu DNA para compor o BNPG.
As pessoas que fizerem a coleta terão o próprio DNA comparado ao de cidadãos de todos os Estados brasileiros. Com isso, os familiares saberão se o seu material genético coincide com o de alguém que já faleceu, mas não foi identificado.
Em todo o Estado de São Paulo, foram registrados 18.909 desaparecimentos e 16.317 encontros de pessoas só no ano passado.
SERVIÇO
Para agendar a coleta, basta acessar o seguinte link: www.policiacientifica.sp.gov.br/informacoes-agendamento/.