Cerca 24 mil estudantes retornam às aulas presenciais nas escolas estaduais, nesta semana, em Bauru. O contingente, segundo a Diretoria Regional de Ensino (DRE), representa 70% do quadro total de alunos das 52 escolas do Estado na cidade. Como o retorno se dá por meio de grupos que frequentarão as aulas de forma alternada, por até dois dias na semana cada um, metade dos 24 mil retornou nesta segunda-feira (8). A outra parcela, de mais 12 mil estudantes, deve voltar à rotina presencial dos estudos nesta terça-feira (9).
Por enquanto, apenas uma unidade estadual de Bauru não abriu as portas para o retorno. Trata-se da Escola Estadual Doutor Carlos Chagas, que fica na Vila São Paulo e está em reforma desde outubro do ano passado. Os alunos deste local permanecerão em ensino remoto até a última semana de fevereiro, prazo para o término das obras, de acordo com a DRE.
Embora houvesse ameaça de greve dos professores a partir desta segunda (leia mais abaixo), a dirigente regional de Ensino em Bauru, Gina Sanchez, alega que o movimento não impactou nas atividades de retorno.
ALEGRIA
Após quase um ano sem frequentar as atividades presenciais, Emanuelly Camargo Bueno, 11 anos, esbanjava alegria na saída da aula do 6.º ano da Escola Estadual Prof. Mercedes Paz Bueno, ontem.
"Ela voltou feliz da vida para casa por ter encontrado os colegas. Sentia muita falta e estava ansiosa para a aula, porque acompanhar as atividades online não é fácil", comenta a mãe Amanda Camargo, 29 anos. "A única parte triste é que a próxima aula presencial é só na sexta", diz a garota, que foi embora da escola acompanhada pela avó Solange Camargo, 49 anos.
LIMITE DE 35%
A volta às aulas presenciais obedeceu a presença limitada de até 35% dos alunos matriculados em cada uma das escolas. As salas também seguiram o mesmo contingente, sendo que algumas trabalham até abaixo do índice em razão do limite físico de espaço, já que as mesas dos estudantes precisam estar a 1,5 metro de distância uma da outra.
Cada aluno recebeu três máscaras de tecido e dois saquinhos para controle das limpas e sujas. "A troca deve ser feita a cada três horas. Eles foram orientados também sobre o uso de álcool em gel e a lavagem de mãos", comenta Gina Sanchez.
HORÁRIO MENOR
Algumas escolas de ensino integral funcionaram com carga horária menor, como é o caso da E.E. Prof. Christino Cabral. "São unidades que estão se adequando por possuírem mais professores no grupo de risco", cita a dirigente.
A DRE não informou quantos professores estão afastados por comorbidades e nem quantos retornaram, mas garante que há profissionais suficientes para atender a demanda nas escolas.
Gina Sanchez lembrou que o retorno aos alunos é facultativo e que, nas últimas duas semanas, houve planejamento. Os pais também foram chamados para reunião semana passada. "Além de frequentarem as escolas duas vezes na semana, os alunos precisam acompanhar as atividades remotas nos demais dias", alerta a dirigente.
Os estudantes que não puderem acompanhar as aulas nas escolas devem fazer via Centro de Mídias SP, remotamente.
As aulas presenciais foram suspensas nas redes estadual e municipal em 23 de março do ano passado, quando a pandemia apresentava seus primeiros sinais em Bauru. Em novembro, parte das unidades do Estado abriu, mas apenas para reforço e com foco nos alunos que não entregaram atividades em 2020.
No mesmo dia em que houve a volta às aulas, foi iniciada uma greve de professores em todo o Estado. O movimento em Bauru, contudo, ainda aguardava o balanço de adesão de profissionais até a noite desta segunda (8). Segundo Marcos Chagas, coordenador da Subsede Regional do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a expectativa é de que 20% dos 3 mil profissionais que atuam cidade paralisem. "Nós orientamos os professores a irem para as escolas hoje [ontem] para comunicar as direções sobre suas adesões", comenta.
O sindicato cobra a inclusão dos professores no grupo prioritário para vacinação, com o argumento de que as escolas estaduais não possuem estrutura suficiente para funcionar na pandemia e de que o número de funcionários para limpeza é insuficiente.
"O professor não se nega a dar aulas. Pelo contrário, ele quer continuar com o ensino de forma remota, que é até mais desgastante. Mas é que, só assim, há garantia de um ambiente mais seguro de trabalho", cita Chagas, acrescentando que o sindicato estuda agenda com atividades de greve para os próximos dias.
Na última semana, o Apeoesp recebeu denúncia de álcool em gel vencido em uma escola estadual de Bauru.
Sobre a greve, a DRE informou que não houve impacto e que nenhuma escola registrou falta de atendimento às turmas por ausência de professores. Já em relação à denúncia envolvendo álcool vencido, a Diretoria confirmou que alguns produtos recebidos no ano passado tinham vencimento em janeiro, mas que a orientação foi descartá-los corretamente e adquirir novos. "Nenhum produto vencido foi usado. Há recurso nas escolas para a compra de insumos", conclui Gina Sanchez.