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30/05/2021

89 anos de luta, fé e bom humor

É fácil ficar durante horas ouvindo Carlos Lippe contar histórias da própria vida. Isso porque, aos 89 anos, ele narra diversas passagens curiosas com riqueza de detalhes e sempre finaliza com uma gargalhada contagiante. Nascido em 29 de abril de 1932, na antiga fazenda Val de Palmas, em Bauru, mudou-se para a Vila Falcão quando tinha apenas 4 anos, junto com o pai Pedro Lippe e a mãe Maria Fabiano. Cresceu no bairro, onde morou até a juventude.

Com a voz calma, Carlos explica como foi sua trajetória profissional e as funções que exerceu enquanto foi servidor do Banco do Brasil, de 1953 a 1981. Destaca que precisou 'reaprender a viver' depois da aposentadoria. Foi neste período que passou a dedicar-se ainda mais ao tênis, esporte que praticou durante 45 anos, e à filantropia.

Em 2002, porém, iniciou uma árdua luta contra o câncer. Venceu a doença porque, além de já ser um exímio batalhador, pôde contar com o que ele aponta como seus principais pilares: a família e a fé em Deus.

Atualmente, o aposentado segue desfrutando da vida ao lado de sua esposa Yara Simões Cação, de 83 anos, com quem é casado há 62 anos - completados na última segunda-feira (24). É pai de Christiane, Suleima e Carlos Augusto e avô do Bruno, Daniela, Letícia e Alice. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Jornal da Cidade - Como foi o início da sua vida profissional?

Carlos Lippe - A gente começava a trabalhar muito cedo. Aos 11, entrei na loja do meu avô. Depois, fui balconista em outra loja e concursado na Rede Ferroviária Nacional, até que, aos 21 anos, passei no concurso do Banco do Brasil. Assumi em 1953, em Pompeia. Em 1958, fui para Jaú e lá trabalhei até 31 de março de 1964, data que voltei para Bauru e fiquei até me aposentar, em 1981.

JC - Quais funções exerceu enquanto servidor do banco?

Carlos - Fiz várias coisas. Quando era caixa executivo, muita gente acabava me reconhecendo na rua, porque todo mundo precisava ir ao banco na época (risos). E trabalhei na compensação, logo no final da carreira. Nós tínhamos que separar todos os cheques recebidos por banco e por agência bancária. Depois, um servidor usava um Fusca para distribuir os malotes entre as agências da cidade e da região. Me aposentei em 1981, pouco antes de começarem a computadorizar as agências.

JC - Depois de aposentado, como tem sido a vida?

Carlos - Tive que reaprender a viver (risos). Comecei a me dedicar mais ao tênis, que pratiquei durante 45 anos, até os 80. Pude jogar com Rubens Rocha, Claudio Sacomandi e Roberto Cardoso. Também me voltei à filantropia e sou churrasqueiro na Vila Vicentina há 25 anos. Eu e minha esposa participamos de corais. Pude fazer muitos amigos nesses períodos. E, todos os dias, há muitos anos, vou até a avenida Getúlio Vargas caminhar. Antes ia de bicicleta, mas, como o trânsito tem ficado mais violento, agora vou de carro (risos). Também viajamos bastante e adoramos dançar nos bailes.

JC - E a luta contra o câncer?

Carlos - Começou em 2002, no pulmão. Fiz cirurgia e quimioterapia. Uma vez, precisei ficar internado no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, durante seis semanas, para fazer cerca de 100 horas de químio. Foi difícil, mas a minha fé em Deus e a força da minha família, principalmente da minha esposa, que cuidou de mim o tempo todo, me ajudaram muito. Depois, também tive na garganta. Ao todo, acredito que já fiz 900 horas de químio. No Amaral Carvalho, eles dizem que sou exemplo de dedicação e força. Hoje estou curado, mas faço exames com frequência para monitorar.

JC - O senhor sempre menciona sua esposa? como se conheceram?

Carlos - Eu passava na frente da casa dela para ir à escola e ficava observando ela. Até que, um dia, tomei coragem de parar para conversar (risos). Nos apaixonamos, começamos a namorar e nos casamos sete anos depois. Já são 62 anos cuidando dela e ela cuidando de mim.

JC - O senhor chegou até a contar votos nas eleições?

Carlos - Trabalhei contando votos em diversas eleições quando o voto ainda era em papel. O cartório confiava nos bancários, que contariam os votos corretamente e não colocariam, por exemplo, os nulos na 'conta' do candidato de preferência. Muitos bancários participavam. O resultado final levava dias para ser divulgado. Meus filhos ficavam acordados até de madrugada esperando eu chegar para contar o resultado da minha seção (risos).

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Fonte: JC Net
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