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11/07/2021

Advogada da causa animal

Na chácara da tia-avó Nenê, a bauruense Thaís Boonen Viotto Ferreira cresceu cercada de todos os tipos de animais, o que fez com que ela desenvolvesse um respeito muito grande por qualquer bicho. Com o tempo, esse respeito se tornou praticamente uma missão, tanto que, hoje, aos 34 anos, ela dedica a vida à causa animal e usa seu conhecimento profissional em busca de políticas públicas mais eficientes.

Os cargos que Thaís, formada em Direito pela ITE, ocupa, atualmente, comprovam essa "devoção". Ela é presidente da Comissão de Defesa e Proteção Animal da OAB Bauru, presidente do Conselho Municipal de Proteção de Defesa Animal (Comupda) e diretora-jurídica da ONG Naturae Vitae de Bauru.

Além do ativismo, ela também divide seu tempo para cuidar do filho Marco Aurélio Viotto Ferreira, de 3 anos, do marido, Gerson Ricardo de Souza Viotto Ferreira, de 39, da avó, Yolanda Tiengo Lima Boonen, de 86, dos seus 11 cachorros resgatados e de suas codornas. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Jornal da Cidade - Sempre gostou de animais?

Thaís Viotto - Sim. Eu cresci na chácara da minha tia-avó Nenê, chamada Maria Aparecida de Lima. Lá tinha todo tipo de animal, então, desde sempre, estou rodeada por eles e desenvolvi um respeito grande.

JC - E como começou a atuar na causa animal?

Thaís - Em 2013, me chamou atenção quando ativistas resgataram centenas de cachorros da raça beagle, que eram usados para testes de cosméticos, em uma empresa de São Roque (SP). Estava no último ano da faculdade e o fato me despertou a vontade de estudar o que a legislação predispunha sobre a possibilidade de usar os animais em testes. O tema da minha monografia foi "A coisificação dos animais", com foco de investigar o motivo de eles serem tratados como coisas. Na época, também me tornei vegana.

JC - Foi nesse período que entrou no Comupda?

Thaís - Sim, logo depois que me formei, em 2014. O papel do conselho é promover políticas públicas da causa na cidade. Na mesma época, fiz um requerimento para fundar a Comissão de Defesa e Proteção Animal na OAB Bauru e o pedido foi deferido em 2016. Fui nomeada presidente, onde estou desde então. A comissão atua mais em campo, apurando as necessidades das pessoas em relação aos animais e também atuando na parte jurídica. Os órgãos trabalham de forma complementar.

JC - Como você 'custeia' o ativismo?

Thaís - Na vida profissional, meu ramo de atuação para sustento da família não é o direito dos animais, mas o civil, de família, consumidor, criminal... Quando advogo em prol da causa, não tenho retorno financeiro, mas, para fazer os processos, preciso ir atrás de provas, ir até a delegacia… Então, eu reparto os honorários que recebo dos meus clientes humanos para custear minha militância.

JC - Como é a atuação da Naturae Vitae?

Thaís - É mais focada na atuação jurídica da causa, de processos e ações, e não na parte de resgate de animais.

JC - Nesses anos, percebeu melhorias nas políticas públicas de Bauru?

Thaís - Sim. Em 2014, chegou o programa de castração visando principalmente as famílias que não têm condições financeiras e a microchipagem. Em princípio, a verba era pequena, mas foi aumentando. Também houve melhorias para animais de grande porte. Agora, só podem ser doados para instituições de proteção animal. Antes, podiam ser até leiloados. Há, ainda, a expectativa de que a lei de proibição do uso de fogos de artifício com barulho seja sancionada em breve.

JC - E o que ainda falta ser feito, na sua opinião?

Thaís - Um sistema de assistência social que individualize as necessidades do ser humano e que acolha também os animais dessas pessoas. E, para iniciar, um ambulatório veterinário municipal para casos de baixa complexidade, principalmente para atender os animais da população de baixa renda.

JC - O que gostaria de contar para as pessoas sobre o veganismo?

Thaís - O vegano é diligente. Além de não comer alimentos de origem animal, ele pesquisa a origem do produto para saber se ele é eticamente adequado para ser consumido. É uma forma de buscar mudar a sociedade para que os animais sofram menos.

JC - Além da militância, o que mais gosta de fazer?

Thaís - Cuidar da minha horta, cozinhar - principalmente comida japonesa -, e ficar com a família. Em 2009, me formei em Gastronomia pela USC (atual Unisagrado) e trabalhei durante um ano em um restaurante português em Londrina, no Paraná. Mas voltei para Bauru decidida a ser advogada.

JC - Por fim, o que significa para você lutar pela causa animal?

Thaís - É o que mais gosto de fazer. Todas as conquistas que consigo para eles é como se fossem para mim. Meu mestrado em Direitos e Garantias Fundamentais, inclusive, já fiz pensando em uma área que me desse mais respaldo para beneficiar a causa. Quero deixar o legado de que os animais não são coisas. Eles têm dignidade e devem ser respeitados assim como os seres humanos, porque eles sentem e sofrem da mesma forma.

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Fonte: JC Net
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