Neste Dia dos Pais, alertá-los para a importância de estarem atentos à própria saúde e encorajá-los a buscar ajuda especializada em caso de necessidade também pode figurar como homenagem e até presente. A avaliação é do urologista Aguinaldo Nardi e professor de Medicina na FOB/USP, que cita uma pesquisa feita pelo Datafolha, segundo a qual grande parte dos homens só vai ao médico quando incentivado por algum familiar. Isso, contudo, pode atrapalhar na prevenção de várias doenças, como o câncer de próstata.
De acordo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são registrados 85 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil por ano. Desses, 15 mil morrem. "Muitos homens só procuram atendimento médico quando sentem algum sintoma, ou porque tem preconceito em relação ao exame de toque ou porque existe uma cultura na América Latina de que o homem é indestrutível. Mas, no caso do câncer de próstata, os sintomas, como sangramento na urina e dor nos ossos, só aparecem quando a doença já está em um estágio avançado, quando já não há mais chance de cura", alerta o urologista.
Isso, contudo, pode ser evitado se os homens a partir dos 50 anos realizarem, anualmente, o exame de toque retal e o PSA (exame de sangue), que colaboram com o diagnóstico precoce tanto do câncer de próstata, quanto da hiperplasia prostática benigna. Mas a pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia em parceria com o Datafolha, em 2009, mencionada por Nardi, mostrou que pessoas do sexo masculino não vão ao médico porque tem preconceito.
"Eles pensam que o exame de toque fere a masculinidade, porém, é um conceito errôneo. Além de o exame ser rápido, com duração de 10 a 15 segundos, pode salvar a vida dele e evitar que precise de tratamentos mais agressivos no futuro, se acometido pela doença, além do risco das células cancerígenas acometerem outros órgãos. Vale lembrar que não há possibilidade de autoexame", alerta Nardi.
Neste mesmo estudo, também foi constatado que o homem vai mais ao médico quando incentivado pela família. "Então, fica o alerta nesse Dia dos Pais sobre essa importância. Alertar para a saúde do pai também pode ser um presente", reitera.
TRATAMENTO
Durante o exame de toque, se o médico notar algum nódulo na próstata, ele solicita uma biópsia do órgão, que é um exame bem mais incisivo, mas que é capaz de indicar se há câncer ou não. "Se for positivo, em casos menos graves, o paciente pode ser tratado com acompanhamento vigilante. Ou, então, com radioterapia, em casos mais graves. E, nos mais complexos, com operação para retirada da próstata. Atualmente, a medicina já conta com a cirurgia robótica que, por ser mais precisa do que a tradicional laparoscópica, ajuda a reduzir os efeitos colaterais da operação", detalha o urologista. A cidade de Bauru conta com essa tecnologia há cerca de um ano e meio em um hospital particular.
No caso, podem ser efeitos colaterais da cirurgia a disfunção erétil (acomete cerca de 20% dos pacientes) e incontinência urinária (atinge 2% dos operados), o que reforça a importância dos exames preventivos. Vale destacar que a próstata está diretamente ligada à fertilidade do homem, já que sua função é produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides no sêmen. Além disso, no procedimento, a vesícula seminal, que produz o esperma, também é removida. Ou seja, após a intervenção, o homem fica estéril.
HIPERPLASIA BENIGNA
O médico também alerta a respeito da hiperplasia prostática benigna, que acomete praticamente todas as pessoas do sexo masculino. "No homem, tem três coisas que não param de crescer: o nariz, a orelha e a próstata. A última, se inchar muito, pode afetar o canal uretral e causar incontinência urinária. O exame de toque também serve para diagnóstico dessa doença, que é ainda mais frequente que o câncer de próstata", explica Nardi.
Para essa enfermidade, os pacientes podem tratar com uma cirurgia convencional para retirar a próstata - ou seja, apresenta os mesmos efeitos colaterais já citados - e o grampeamento do órgão, intervenção que atrasa o processo de inchaço.