Com um minuto de silêncio no final da sessão ordinária desta segunda-feira (19), a Câmara Municipal de Bauru se despediu de Nilson Ferreira Costa. Aos 91 anos, o ex-prefeito do município morreu na madrugada de domingo (18), em casa, acometido por um infarto do miocárdio. A Prefeitura de Bauru decretou luto oficial de três dias. O sepultamento ocorreu na tarde de domingo (18), no Cemitério da Saudade.
Com mais de meio século dedicados à política, Costa esteve na principal cadeira do Palácio das Cerejeiras em 1998, depois da cassação de Antônio Izzo Filho, de quem era vice. Em 2001, ele assumiu a chefia do Executivo bauruense, após vencer a eleição majoritária de 2000.
Costa teve também trajetória e participação marcantes na imprensa. Ajudou a fundar o Jornal da Cidade, o qual dirigiu até meados dos anos 90. Antes, dirigiu outros jornais.
O presidente dos grupos Prata e Cidade, Alcides Franciscato, lamentou a perda do amigo e parceiro de primeira hora na história do JC, com quem conviveu desde as primeiras edições do jornal, em 1967. "Eu quero, em nome de toda a minha família, enviar condolências a seus entes queridos neste momento de tristeza e ressaltar que o Nilson foi um grande ser humano, homem probo, leal, inteligente e, por isso, respeitado por todos, não apenas no seu círculo de convivência, mas por quem não o conhecia pessoalmente e não desfrutava do privilégio da sua constante e inspiradora presença", observa.
Franciscato lembra que ele e os demais fundadores confiaram a Costa a missão de fazer parte da implantação e direção do jornal, tarefa que o jornalista cumpriu com competência até a metade dos 53 anos de existência do JC, optando por se desligar e realizar outro sonho: a bem-sucedida carreira política. "Nós agradecemos pela oportunidade de termos podido desfrutar da sua amizade e companhia", finaliza Franciscato.
Diretor superintendente do JC, Érico Braga conviveu por muitos anos com Nilson na direção do jornal e, igualmente, enviou seus sentimentos à família. "Nós ficamos tristes com a notícia do passamento do amigo Nilson Costa, um homem que, com a sua calma e paciência habituais, tinha grande capacidade de resolver os problemas e unir pessoas e colaboradores para encontrar as melhores soluções", pontua.
Érico conta que Nilson Costa era um jornalista preocupado com sua cidade e, por isso, resolveu também emprestar os seus talentos para a política, momento em que se tornou prefeito. "A família JC agradece pelos anos de dedicação ao jornal, que ele ajudou, ao lado de tantos outros profissionais talentosos, a transformar em um dos principais órgãos da imprensa regional brasileira", afirma Érico.
TRAJETÓRIA
Nascido em Bauru, em novembro de 1929, Costa era advogado e também contabilista por formação. Atuou inicialmente na ferrovia, onde conheceu sua esposa, Odette Travaglini Costa, com quem casou-se e teve quatro filhos: Regina, Elizabeth, Nilson Filho e Heloísa. Nilson ficou viúvo em 2014.
Entrou para a vida pública na política na década 50 como vereador e foi presidente da Câmara. E chegou a deputado estadual, entre 1964 e 1966.
Durante a ditadura militar, ele teve seus direitos políticos cassados, mesma época em que iniciou as atividades no JC, com destaque para a atuação na antiga coluna "Alta Tensão", que repercutia o meio político.
Integrava a Academia Bauruense de Letras (ABL) e dirigiu outros órgãos de imprensa, chegando, inclusive, a ser cronista esportivo.
Presidiu por muitos anos também o Lar Escola Rafael Maurício.
RESILIÊNCIA
Após eleger-se prefeito, em 2001, Costa acabou cassado pela Câmara no meio do mandato. Na Justiça, contudo, a situação foi revertida e ele voltou ao cargo, cumprindo mandato até o final. Nas eleições de 2008 e 2012, ele chegou a se candidatar como vereador, mas sem êxito.
"Meu pai tinha um imensa capacidade de ajudar as pessoas, o ser humano vinha em primeiro lugar. Na política, viveu momentos marcantes e difíceis, mas nunca se abateu, era o sinônimo da resiliência", finaliza a filha Elizabeth Costa. Além dos filhos, ele deixa sete netos e sete bisnetos.