A Famesp anunciou neste sábado (19) que se manterá a frente da gestão da Maternidade Santa Isabel, que atende Bauru e outras 17 cidades. Segundo a entidade, após analisar pedido de recomposição de valores do contrato em razão de déficit orçamentário, o Estado concordou com o pleito. A solução do impasse, que poderia fazer com que a Maternidade fosse devolvida ao Estado, ocorre uma semana após o JC tornar público o imbróglio. O secretário executivo de Desenvolvimento Regional, Rubens Cury, teve papel decisivo no processo de solução do impasse ao falar com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) e com a Secretaria de Estado da Saúde ao longo da semana que passou.
Durante a semana, lideranças também se mobilizaram para garantir que a Santa Isabel continuasse sendo com a Famesp, entre elas o deputado federal Capitão Augusto (PL); o deputado estadual Dirceu Dalben (PL), por intermédio do ex-vereador Sandro Bussola; o ex-deputado estadual Pedro Tobias; e a Comissão de Saúde da Câmara de Bauru.
O presidente da Famesp, Antonio Rugolo Júnior, explicou que documento sobre o desequilíbrio orçamentário do contrato de gestão, com dados relativos à diferença entre receita e despesas, foi levado à coordenadoria estadual dos contratos de gestão na última quinta-feira (17).
"Neste sábado (19), o coordenador do contrato de gestão e o gabinete da Secretaria de Estado da Saúde resolveram realinhar os valores e, na próxima segunda (21), faremos nova reunião, com os valores a serem realinhados. Porém, disseram que a Famesp continua e que o pleito será resolvido. Estivemos também na sexta (18) com o vice-governador Rodrigo Garcia, que também afirmou que o problema será resolvido".
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que gestores da pasta e da Fundação reuniram-se para avaliar a situação, buscando equacionar o financiamento após a ampliação e a reforma da unidade. "A Maternidade estadual segue atendendo normalmente e a Famesp continua como gestora", declara.
RELEMBRE O CASO
Conforme divulgado na edição do último domingo (13), informações obtidas pelo JC revelaram que a Famesp oficializou o Estado sobre a devolução da gestão da Santa Isabel, administrada por ela há nove anos.
A continuidade do serviço teria se tornado insustentável porque a Fundação, que enfrenta corte de verba, estaria arcando com déficit mensal de quase R$ 400 mil referentes apenas à Maternidade. Só neste ano, a dívida desta unidade junto à Famesp teria ultrapassado R$ 1 milhão.
Corte feito em janeiro de 2021 impactou em 3% (R$ 103 mil por mês) o orçamento do hospital, que, hoje, é de R$ 3 milhões. A Maternidade já enfrentava déficit mensal de R$ 300 mil desde o início de 2020, em razão da ampliação de UTIs Neonatal feita pela Fundação, que não teve o custeio incorporado pelo Estado no orçamento.
Diante do impasse, a Famesp e a Secretaria da Saúde negociariam acréscimo no contrato (na ordem de R$ 300 mil), mas os meses transcorreram sem que houvesse consenso, conforme o JC apurou. Diante do contexto, o Estado teria sido oficializado sobre a devolução.