Boa parte das lojas situadas no Calçadão da Batista de Carvalho, na região central de Bauru, passou a trabalhar com "meia porta" e sem entrada de clientes - o que é permitido - logo no início da manhã desta quarta-feira (10). Foi o primeiro dia em que os serviços não essenciais tiveram de restringir o acesso do público, em respeito ao ato publicado pela prefeita Suéllen Rosim, comunicando a suspensão dos efeitos da lei municipal que havia ampliado o rol de atividades econômicas autorizadas a abrir as portas. A medida, conforme o JC noticiou, atendeu à decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado de São Paulo para o cumprimento da fase vermelha do Plano São Paulo.
Ao longo da Batista, o movimento era moderado. Inclusive, o comerciante Moisés de Jesus Silva, que toca uma loja de roupas, presentes e decorações no Calçadão, se diz decepcionado.
De acordo com ele, todo início de ano já é difícil para o comércio e, com a proibição do atendimento ao público dentro dos estabelecimentos, Silva não sabe como pagará as contas do próximo mês. "Desde o começo da quarentena, eu me apeguei à minha fé e, agora, só me resta rezar", complementa.
Proprietário de uma loja de fantasias e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Odair Secco Cristóvam afirma que as opções de delivery, drive thru e retirada no balcão não funcionam para o comércio em geral. "A maioria dos clientes compra por impulso e, para tanto, precisa ter acesso ao interior dos estabelecimentos", pontua.
O comerciante pontua que o seu segmento, que costuma lucrar em épocas festivas, como o Carnaval, saiu prejudicado em dobro com o recrudescimento da quarentena local e o consequente cancelamento da folia.
Mesmo assim, Cristóvam reforça a recomendação da CDL, que pede o respeito às normas em vigor por parte dos seus associados. Porém, nem todos os comerciantes o fizeram ao longo da manhã de ontem, momento em que a reportagem constatou que, pelo menos, dez lojas do Calçadão não restringiram o acesso do público.
Em nota, a assessoria de comunicação da prefeitura reforça que não é permitido o funcionamento dos serviços não essenciais com a entrada de clientes.
Ainda segundo o município, a fiscalização segue durante o dia e à noite. A Ouvidoria, por sua vez, funciona diariamente, das 8h à meia-noite. Para denunciar qualquer irregularidade neste sentido, basta entrar em contato através do telefone (14) 3235-1156.
EM BUSCA DE EMPREGO
Entre o pessoal que passava pelo Calçadão ontem, estava Ingrid Cordeiro, de 40 anos. Antes da pandemia, ela trabalhava como vendedora ambulante de frutas na região central da cidade. Porém, logo no início da quarentena, a baixa demanda fez com que ela perdesse o seu sustento.
De lá para cá, Ingrid conseguiu sobreviver graças ao auxílio emergencial, que já chegou ao fim. Agora, ela busca um emprego junto ao comércio. "Não sei se conseguirei, porque está tudo fechado", desabafa.
O metalúrgico José Miguel Alves, de 65, também andava pelo Centro. Ele enxerga os prejuízos desse cenário de fechamento da economia, mas reconhece que os hospitais estão lotados. "Nós precisamos fazer mais este sacrifício para evitar a circulação do vírus", finaliza.
O Sincomércio informou, nesta quarta-feira, que ingressou com mandado de segurança coletivo em nome das empresas que a entidade representa. A ação pede que o Tribunal de Justiça suspenda a liminar concedida pelo desembargador Ferreira Rodrigues nos autos no processo movido contra a Prefeitura de Bauru e a Câmara.
"Continuamos aguardando os recursos da Prefeitura e da Câmara. A luta continua!", conclui o Sincomércio, em nota.