Bauru é um dos 160 municípios brasileiros incluídos em uma lista de cidades que teriam aplicado vacinas vencidas contra a Covid-19. O levantamento foi elaborado pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base em dados fornecidos pelo Ministério da Saúde. Na compilação, a informação é de que Bauru teria imunizado três pessoas com doses fora do prazo de validade. O Departamento de Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde, porém, explicou que o município errou no momento de preencher os dados e que nenhum morador da cidade recebeu a vacina com data de validade expirada. Por meio de nota, o órgão informou que o preenchimento é feito por meio da seleção de códigos que estão previamente disponibilizados no sistema. E, nestas três ocasiões distintas, o número teria sido escolhido incorretamente, com a seleção de um lote com validade já vencida e não do verdadeiramente aplicado, cujo prazo de uso ainda não havia expirado.
"Houve um erro na escolha do lote. O sistema permite escolher entre vários lotes. A secretaria informa, entretanto, que já foram sanadas as divergências e, tão logo haja uma atualização no sistema do Ministério da Saúde, estes dados estarão corrigidos automaticamente", diz.
O levantamento do Metrópoles foi publicado no sábado (24), trazendo a informação de que 1.254 pessoas em 160 cidades de 23 Estados, incluindo Jaú, Lençóis, Marília e Lins, podem ter recebido doses da Oxford/AstraZeneca vencidas. A lista foi obtida a partir do cruzamento de informações oficiais sobre vacinas aplicadas com os registros de envios de imunizantes para os municípios, onde constam a data de vencimento para cada lote.
O problema constatado envolve doses fabricadas na Índia e importadas prontas pelo Brasil, dos lotes 4120Z001, 4120Z004 e 4120Z005, cuja data de validade, de seis meses, já expirou. Os produtos venceram em 29 de março e 13 e 14 de abril, respectivamente. A vinda destes, que foram os primeiros lotes da vacina Oxford/AstraZeneca entregues ao Brasil, sofreu com indefinições até chegarem em solo nacional. Em 31 de dezembro de 2020, a Fiocruz conseguiu autorização da Anvisa para importar 2 milhões de doses. Após duas semanas, no dia 14 de janeiro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prometeu que um avião partiria do Brasil no mesmo dia para buscar as doses. Porém, o voo acabou cancelado e a Índia só liberou as vacinas na semana seguinte. Elas chegaram em 22 de janeiro e começaram a ser distribuídas no dia seguinte.
Por nota, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção deste imunizante no Brasil, informou que os lotes envolvidos foram produzidos em outubro do ano passado na Índia e que, como possuem validade de seis meses, ainda havia tempo para serem utilizados dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Destacou que "o uso fora da validade pode comprometer os resultados esperados de proteção da vacina contra a Covid-19" e que os entes envolvidos no processo de aplicação devem seguir o manual de boas práticas, que inclui, entre as recomendações, a observância sobre o prazo para uso dos imunizantes.
A Prefeitura de Bauru encaminhou à Polícia Civil, nesta segunda (26), relatório circunstanciado elaborado pela Sorri-Bauru sobre o caso da auxiliar de enfermagem que vacinou indevidamente 4 familiares na Unidade de Saúde da Família (USF) da Vila São Paulo. A fraude foi revelada em primeira mão pelo JC na semana passada.
O relatório foi enviado por e-mail ao delegado seccional de Bauru, Luciano de Barros Faro, que deverá designar um delegado sob seu comando para avaliar qual tipo de contravenção ou crime poderá ser investigado e decidir se um inquérito policial será instaurado. Conforme o JC apurou, não apenas auxiliar de enfermagem, mas seus parentes - filho, nora, marido e cunhada - poderão ser responsabilizados.