A pandemia explicitou a necessidade urgente de investimentos em antenas de tecnologia devido ao teletrabalho e ao ensino à distância das escolas públicas. Em plena era digital, ainda mais quando a população precisa das telecomunicações devido às restrições da Covid-19, Bauru está longe do ideal com relação a quantidade de estruturas. Segundo Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e Informática (Feninfra), Bauru possui atualmente, para telefonia e tecnologia móvel, 182 antenas instaladas. Número abaixo do considerado ideal pelo Feninfra, para se ter uma boa cobertura, devido à demanda de 379.297 habitantes (dados do IBGE). De acordo com a presidente da entidade, é necessário possuir o dobro, cerca de 364 estruturas.
Destas 182 antenas, segundo o site da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Bauru possui 146 estruturas do tipo estações de rádio base com 4G, das empresas Claro, Oi, Tim e Vivo.
Apesar da distância do que é considerado adequado, em 2019 a Câmara Municipal de Bauru aprovou junto à prefeitura a Lei das Antenas, que facilita e acelera a instalação do processo de instalação destas estruturas em áreas públicas ou privadas. E em 2020 Bauru foi destaque nacional e emplacou o 8º° lugar no Ranking das Cidades Amigas da Internet, segundo o ranking do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia, Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) e pela Teleco.
SETE VEZES MAIS
Ainda de acordo com a Feninfra, o Brasil possui hoje aproximadamente 100 mil antenas. Vivien Suruagy explica que o País precisa fazer investimentos para que as cidades possam receber a tecnologia 5G, que vai revolucionar a Internet como a conhecemos hoje. Para isso, no entanto, é necessário no mínimo 700 mil antenas em território nacional. Sete vezes mais do que atualmente.
"Importante a telefonia e a internet estarem funcionando para que possamos seguir conectados, ainda mais neste momento em que mais precisamos da tecnologia. Os segmentos de telecomunicações permeiam por esferas públicas e particulares. E precisamos fazer com que o 5G aconteça o mais rápido possível, trazendo realidade aumentada, integrando transportes, tráfego, conectando equipamentos, as forças de segurança, bombeiros, ambulâncias e principalmente a educação. As possibilidades são enormes", comenta.
A desinformação tem sido um empecilho, acrescenta Vivien Suruagy. "Um medo muito comum entre as pessoas é de que mais antenas poderiam ocasionar radiação e consequentemente câncer. Já foi totalmente comprovado que isso não acontece", diz a presidente da Feninfra.
Há um ano, o JC mostrou que as estudantes Maria Eduarda Trindade do Nascimento e Ana Laura Trindade Sanches, moradoras do Fortunato Rocha Lima, na época com 13 e 12 anos, respectivamente, caminhavam todos os dias na rua, acompanhadas da avó de 65, durante a pandemia, para localizar sinal aberto de wi-fi na vizinhança. Segundo Vivien Suruagy, isso tem que acabar. As periferias precisam ser assistidas e a Internet precisa chegar a todos.
"Internet é o básico, principalmente na educação. Com a chegada do 5G, diferentemente do que todo mundo acredita, não vai tirar o emprego das pessoas, muito pelo contrário, vai gerar mais negócios e mais empregabilidade. Vai ser Internet na veia. Mas precisamos urgentemente fazer uma reforma tributária, porque a cada R$ 10 do que é gasto com telecomunicações, R$ 6 são de impostos", finaliza.
A Anatel já se manifestou afirmando que o Brasil enfrenta dificuldades para atingir um nível ótimo de cobertura de rede que possa dar suporte à implantação do 5G em patamares de qualidade adequada. Segundo a Feninfra, os EUA têm 300 habitantes por antena, o Japão 100 moradores por antena e o Brasil tem cerca de 2.500 habitantes por antena.
O movimento Antene-se foi lançado no dia 4 de maio, voltado à promoção da infraestrutura de telecomunicações e à atualização de legislações municipais que regem o tema. Bauru tem lei própria, em conformidade com as necessidades do tema. O Antene-se tem apoio da Anatel e do Ministério das Comunicações. A iniciativa é para engajar a sociedade na reflexão sobre o futuro digital e é liderada pelas entidades setoriais Feninfra, Abrintel, Conexis, TelComp, Brasscom, além da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O).