Considerada um reflexo do agravamento da pandemia do novo coronavírus, a fila de espera por vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em hospitais, em Bauru, zerou de sexta-feira (16) para sábado (17). Neste período, nenhuma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade tinha demanda de internação dessa natureza para pacientes com Covid-19, sendo que os assistidos no "mini hospital" não precisavam de assistência mais complexa, informou o titular da Secretaria Municipal de Saúde, Orlando Costa Dias. Ele ressalta, no entanto, a importância das pessoas continuarem respeitando as regras sanitárias para evitar uma nova piora da doença na cidade.
Ainda de acordo com o secretário, esta é a primeira vez em que o município zera a fila de espera por UTIs desde fevereiro deste ano, quando a cidade começou a sentir os efeitos da segunda onda da pandemia. Até anteontem, o "mini hospital" abrigava apenas um paciente aguardando uma vaga de enfermaria nos hospitais estaduais.
No momento da entrevista, realizada na manhã deste sábado (17), Dias informou que as UPAs estavam sem pessoas internadas com a doença há mais de uma semana e o "mini hospital" conseguia garantir toda a assistência necessária aos 13 pacientes que ocupam as cinco vagas de enfermaria e as oito de UTI, todas com suporte ventilatório.
De acordo com o médico, o quadro atual dá indícios do arrefecimento da pandemia na cidade. No entanto, também é consequência da abertura de dez leitos de UTI no Hospital de Campanha, instalado no Hospital das Clínicas (HC), no câmpus da Universidade de São Paulo (USP). As vagas passaram a funcionar na noite da última quinta-feira (15).
Anteontem, a taxa de ocupação das UTIs em Bauru caiu para menos de 100% pela primeira vez em 50 dias. Na última sexta-feira (16), o percentual foi de 97%. "Em algumas cidades da região, como Pederneiras, a ocupação baixou para 50%, outro indicativo de que a segunda onda começou a perder força, principalmente, devido ao maior número de pessoas vacinadas", explica.
Já o HC estava com 34 dos seus 40 leitos de enfermaria ocupados ontem. As UTIs recém-inauguradas da unidade abrigavam, no mesmo dia, seis pacientes. O local tem capacidade para dez.
PRESSÃO
Antes da abertura dos novos leitos, ocorrida na última quinta-feira (15), mais de 60 pessoas com Covid-19 perderam a vida aguardando UTIs nos serviços de saúde municipais. Algumas delas até obtiveram decisões judiciais para conseguir leitos, mas nem isso garantiu a devida assistência.
Diante deste histórico, o secretário se diz aliviado com a fila de espera por UTIs zerada. "Por isso, a possibilidade de um lockdown está descartada para este momento", afirma.
Embora o cenário tenha melhorado, Dias observa que ainda não voltou ao normal. Ele ressalta a importância de as pessoas evitarem aglomerações e usarem máscaras, principalmente, a partir deste domingo (18), quando haverá uma maior flexibilização dos setores da economia, conforme estabelecido pelo Plano SP.
'MINI HOSPITAL'
No começo deste ano, o município unificou o Pronto-Socorro Central (PSC) e o PAC em um 'mini hospital', voltado para casos de Covid. Uma ala separada do PSC, ao lado, recebe ainda pacientes com traumas muito grave.