Nem mesmo a distância ou a grande quantidade de exames foram obstáculos para fazer com que Giovanna Venarusso Crosara, de 24 anos, desistisse de doar a medula óssea. A jovem, que é bauruense e mora atualmente em Lins (102 quilômetros de Bauru), passou por uma das experiências mais marcantes da sua vida no início deste ano, quando viajou mais de 2 mil quilômetros até Recife (PE) para realizar a doação e salvar uma vida. Ela conta que pensar nas dificuldades enfrentadas pelo receptor serviram de incentivo para seguir firme no propósito.
Giovana se cadastrou no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) em agosto de 2016, após ver uma reportagem do Jornal da Cidade sobre campanha de cadastramento promovida pelo curso de Biomedicina das Faculdades Integradas de Bauru (FIB).
Mas, foi somente em outubro do ano passado, que a jovem recebeu a primeira ligação do órgão, tratando sobre a possível compatibilidade entre ela e um paciente de Recife. Foi necessário realizar uma série de exames até que, em dezembro, houve a constatação de que as medulas ósseas seriam 100% compatíveis e a doação seria possível. Vale lembrar que a chance de encontrar alguém com medula óssea totalmente compatível é extremamente rara.
"Quando me ligavam e perguntavam se eu queria prosseguir, eu sempre quis. Nunca pensei em desistir. Durante todo o processo, fiquei muito feliz e animada por vivenciar tudo isso, e torcia muito pela pessoa que estaria recebendo", conta a bauruense, ressaltando que não sabe para quem doou e que só poderá conhecer o receptor depois de um ano e meio da doação, se ambos quiserem.
PROCEDIMENTO
O Redome custeou a viagem da bauruense até Recife em janeiro deste ano, onde ela iniciou a preparação para a doação, marcada para o dia 25 do mesmo mês. "Quando bateu o nervoso ou quando sentia um pouco de dor, sempre pensava que a pessoa que receberia a medula provavelmente passou por momentos muito mais complicados. Então, quando acordei, foi como se um objetivo tivesse sido cumprido", relata Giovanna.
A doadora conta que a recuperação foi rápida e, apesar de estar com locomoção limitada e com algumas dores, conseguiu conhecer a praia da Capital de Pernambuco já no dia seguinte ao procedimento. "Como a doação de medula não é algo que se divulga detalhadamente, as pessoas podem ter algumas opiniões que, às vezes, não condizem com a realidade. Acho importante dizer que, durante todo o processo, não senti nada insuportável ou que incomodasse muito, apenas desconfortos e algumas dores dentro do esperado, conforme minha conversa com o médico", complementa.
Para finalizar, a bauruense afirma que a experiência foi "incrível". "Eu pensava o tempo todo em quem recebeu minha medula, quem tinha feito eu ir até Recife e viver tudo isso. Conversei com muitas pessoas e até postei relatos nas minhas redes sociais sobre experiência, pois, se eu conseguir fazer com que alguém se cadastre, já é mais esperança na vida de quem está na fila aguardando alguém compatível", conclui a jovem.
O cadastro de doadores voluntários no Redome é realizado nos hemocentros de todo o País. O Hemonúcleo de Bauru está localizado na rua Monsenhor Claro, 8-88, Centro. O telefone para contato é (14) 3231-4771.
Para ser um doador de medula óssea, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é necessário ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado de saúde, não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite) e não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).
Precisam de transplante de medula óssea pacientes com doenças que comprometem a produção normal de células sanguíneas, como as leucemias, além de portadores de aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita.
A chance de encontrar alguém com medula óssea 100% compatível é de uma em 100 mil. Por isso, é tão importante que o maior número de pessoas possíveis se cadastre no Redome.