Diante da "avalanche" de reclamações sobre os problemas estruturais enfrentados pelos moradores do recém-inaugurado Residencial Manacás, em Bauru, a Caixa Econômica Federal (FEC) afirma que acionou a encarregada pela obra, a Construtora Construqualli, para que realize os "eventuais reparos necessários" no local. A instituição se posicionou sobre a questão na manhã desta terça-feira (3), após reportagem do JC mostrar as várias falhas encontradas nos prédios, que vão desde falta de água e energia elétrica até vazamentos, infiltrações e rachaduras.
Para se ter uma ideia do impacto desses problemas estruturais na vida dos moradores, em um dos apartamentos onde há falta de energia elétrica, conforme o JC noticiou, a mãe de uma bebê de dois meses precisa ligar uma extensão em uma tomada que fica no corredor do prédio para conseguir realizar o tratamento com o aparelho de inalação que a criança necessita. Outros imóveis sequer possuem o relógio que contabiliza o uso de energia. Sobre a questão, a CPFL informou, na ocasião, que a situação será regularizada quando os cadastros dos residentes forem atualizados.
Vale lembrar que o residencial, localizado na quadra 14 da rua São Sebastião, no Nova Esperança, foi construído para beneficiar 288 famílias de baixa renda ligadas à faixa 1 do programa Casa Verde e Amarela - antigo Minha Casa Minha Vida -, ou seja, nas quais o ganho mensal não passa de R$ 1,8 mil. Parte delas, inclusive, estava em situação de vulnerabilidade social.
A inauguração oficial do empreendimento foi realizada no último dia 24 e contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Os moradores começaram a se mudar para o local na semana passada.
POSICIONAMENTO
Em nota oficial enviada à reportagem, a Caixa informou que "o Residencial Manacás foi construído pela Construtora Construqualli, sendo a empresa responsável pela obra e eventuais reparos", e acrescentou que "a construtora foi acionada e disponibilizou uma equipe para sanar eventuais problemas".
O JC tentou contato com a construtora, mas não conseguiu. Na tarde de ontem, um engenheiro da empresa que estava no condomínio também foi procurado pela reportagem, mas o profissional disse que a resposta ficaria mesmo apenas por conta da Caixa Econômica Federal.
OUTRO PROBLEMA
Para ouvir os relatos dessas famílias prejudicadas pelos inúmeros problemas estruturais, nesta terça-feira (3), visitaram o Manacás e conversaram com moradores os vereadores Julio Cesar (PP), Junior Lokadora (PP) e Junior Rodrigues (PSD).
Ainda ontem, este último parlamentar chamou a atenção para outra questão. Ele detalha que o governo federal destina, aos residenciais de faixa 1, como o Manacás, uma verba para que os municípios desenvolvam atividades aos moradores, como aplicação de cursos técnicos, cultivo de horta comunitária, entre outros. O objetivo é gerar renda e ajudá-los a ter condições de pagar as contas da nova casa. Rodrigues afirma que Bauru recebeu, entre 2017 e 2020, cerca de R$ 4 milhões.
"Para elaborar essas ações, o município pode adquirir materiais de apoio. Porém, recebi uma denúncia de que parte dos equipamentos comprados, como câmeras fotográficas, computadores, projetores e até um tatame olímpico, desapareceram. Diante disso, solicitei à prefeitura, por meio do Artigo 18 da Câmara, que me envie a documentação de tudo o que foi comprado e onde estão sendo usados ou guardados esses itens, para identificar o que realmente sumiu. Eles têm um prazo de 15 dias", completa o vereador Junior Rodrigues.
Ao contrário do que a Prefeitura de Bauru informou em reportagem publicada pelo JC nesta terça-feira (3), a Caixa Econômica Federal, por meio de sua assessoria de comunicação, afirma que a construtora responsável pelas obras do Residencial Manacás não é a Constrole, mas a Construqualli.