Acusada de agredir uma enfermeira e uma técnica de enfermagem na UPA da Vila Ipiranga, em Bauru, nesta terça-feira (16), a auxiliar de cozinha Andreia Cristina de Oliveira Ferrari, de 45 anos, afirma que perdeu o controle diante das inúmeras dificuldades enfrentadas para ter acesso à saúde pública. "Cheguei ao meu limite", diz a mulher, que diz travar uma verdadeira batalha para obter receitas, medicações e fraldas para o pai e o irmão acamados, de quem cuida há cerca de três anos.
Ainda de acordo com a auxiliar de cozinha, tudo começou quando o seu irmão, que é cadeirante, apresentou uma febre de 39 graus. "Eu o levei à UPA da Vila Ipiranga, unidade mais perto da nossa casa. Na triagem, já pedi que o colocassem como atendimento prioritário, mas percebi que outras pessoas fora desta categoria passaram na frente", relata.
Inconformada, Andreia decidiu questionar uma das enfermeiras do local. "Eu disse que eles não estavam cumprindo a lei, mas ela me mandou calar a boca, momento em que perdi o controle", acrescenta.
Uma técnica de enfermagem interveio e também foi agredida, conforme o JC noticiou na edição desta quarta-feira (17). "Elas também me machucaram e o coitado do meu irmão saiu de lá sozinho, porque não gosta de briga. Eu o encontrei na rua e o levei para casa. Depois, voltei e me apresentei à polícia, que me liberou", descreve.
Mais tarde, a auxiliar de cozinha precisou retornar à UPA com o seu irmão, cuja febre não baixou. "O problema voltou a acontecer, mas o atendente questionou o médico, que nos chamou na hora, ou seja, eu creio que houve má vontade da primeira vez", critica.
No final das contas, o irmão de Andreia foi diagnosticado com infecção urinária, mas, mesmo assim, ela pretende testá-lo para a Covid-19 ainda nesta semana.
DIFICULDADES
Segundo a auxiliar de cozinha, a agressão foi desencadeada por uma série de dificuldades que ela enfrenta junto à saúde pública. "Desde que eu comecei a cuidar do meu pai e do meu irmão, sempre faltam medicamentos. Percebo, ainda, descaso na hora de dar a receita dos remédios de uso contínuo", complementa.
Andreia diz, também, que precisou deixar a lanchonete onde trabalhava havia 15 anos. "O pessoal da Saúde impunha horários para as consultas e a retirada de medicações que coincidiam com o meu expediente", justifica.
Hoje, a auxiliar de cozinha trabalha na lanchonete somente aos finais de semana. "Qual é a punição deles [saúde pública] por não dar ao povo o atendimento que merece?", finaliza.