Visando enfrentar o racismo e as demais formas de opressão, o Coletivo Raízes do Baobá foi criado em Jaú e se estendeu para Bauru às vésperas da pandemia, momento em que ganhou repercussão nas redes sociais. Tamanha notoriedade levou ao convite da Coalizão Negra por Direitos para participar da campanha nacional "Se tem gente com fome, dá de comer", que conta com o apoio de instituições como a Anistia Internacional e o Instituto Ethos. Há cerca de duas semanas, inclusive, o grupo entregou as primeiras cestas básicas da iniciativa aos moradores de ambas as cidades.
Integrante do Coletivo Raízes do Baobá, Kátia Valérya dos Santos Souza explica que integra o grupo desde 2018, quando passou no concurso da Prefeitura de Jaú para ser professora da rede municipal de ensino. No final de 2019, a profissional resolveu estender a atuação do coletivo para Bauru, onde ela reside. "No ano seguinte, com a pandemia, nós precisamos nos reinventar e passamos a organizar diversas ações virtuais, momento em que a Coalizão Negra por Direitos nos convidou para integrar a entidade", acrescenta.
A Coalizão Negra por Direitos, segundo ela, abriga mais de 200 organizações brasileiras ligadas ao movimento negro. "Em fevereiro último, nós participamos de um ato em prol do auxílio emergencial e da vacina contra a Covid-19 para todos. Neste sentido, até protocolamos um documento junto às Câmaras de Vereadores das cidades onde atuamos".
Agora, o coletivo faz a sua parte no que diz respeito à campanha nacional de combate à fome, cuja meta é ajudar até 224 mil famílias em três meses. A ação, até o momento, destinou cestas básicas para mais de 50 mil delas, o que equivale a cerca de 22% do total.
CRITÉRIOS
Ainda de acordo com Kátia, a campanha prioriza as famílias lideradas por mulheres negras, consideradas as primeiras a sofrer com o desemprego em meio ao atual cenário, que já deu sinais claros de que a miséria aumentou exponencialmente em comparação com o período pré-pandemia.
Cofundadora do Raízes do Baobá, a também professora Lilian Pires pondera que, de maneira geral, a fome não tem cor. "Porém, se você olhar as estatísticas, quem mais se encaixa neste perfil são os negros".
A primeira ação da campanha em nível regional se deu há cerca de duas semanas, quando o coletivo ajudou 60 famílias de Jaú e outras 80 de Bauru com 140 cestas básicas. Algumas foram enviadas pela Coalizão Negra por Direitos e o restante partiu de doações individuais.
SERVIÇO
Diante disso, o grupo solicita doações em dinheiro ou alimentos. No primeiro caso, basta acessar o site www.temgentecomfome.com.br e, no segundo, é necessário entrar em contato pelo (14) 99719-4485, com Kátia, ou (14) 98164-7881, com Lilian.