Depois de um ano de pandemia e de todas as restrições trazidas pela quarentena, cada um tem se virado do que jeito que pode para pagar as contas que se acumulam mês a mês. Adauto Filho, 29 anos, ilustra bem essa realidade. Depois de resistir o máximo que conseguiu, o músico precisou se desfazer exatamente do que era seu principal instrumento de trabalho quando o mundo ainda era "normal". Ele vendeu sua guitarra, em um processo mais doloroso do que ele podia imaginar.
"Foi como desmembrar um pedaço do corpo. A sensação foi essa porque é com ela que eu me expresso artisticamente, é o que possibilita meu trabalho", comenta.
A guitarra semiacústica, da marca Tagima, era um investimento que Adauto havia feito pouco antes da pandemia e, agora, ele segue apenas com seu violão. Mesmo sem poder voltar a tocar na noite, com a presença do público, terá ao menos como continuar fazendo lives e exercendo seu dom em casa.
De acordo com ele, a quantia de R$ 1,5 mil obtida com a venda será utilizada para quitar aluguéis atrasados. "Tenho feito lives e cheguei a tocar um pouco no momento em que os bares voltaram a abrir, mas rendeu muito pouco. Agora, o setor está sem qualquer perspectiva de retorno. É bem desesperador não encontrar saídas", lamenta.
ESPERANÇA
Para se manter neste momento difícil, depois de usar todas as reservas financeiras que tinha, o músico tem contado com a ajuda de amigos e da família. Enquanto não consegue retomar o trabalho que ama, segue procurando emprego em outros ramos de atividade.
"Cada um tem dado uma força com o que pode. Já entreguei currículos e participei de algumas entrevistas, mas sem sucesso. Mas a oferta de emprego em outros setores também está ruim. Está tudo muito difícil, mas continuo à procura", completa, dizendo manter a esperança de que, em um futuro não muito distante, possa comprar outra guitarra.
As lives de Adauto Filho podem ser acompanhadas pelo Facebook do músico (www.facebook.com/dautofilho.musica). Lá, constam também os seus contatos profissionais.