Conselho recebe até 3 queixas de violência a idosos por semana

As restrições impostas pela pandemia deixaram as pessoas mais tempo em casa, contudo, essa medida impactou na violência contra idosos em Bauru. O alerta é do Conselho Municipal da Pessoa Idosa (Comupi). Para se ter uma ideia, o órgão costumava receber uma denúncia a cada 15 dias e, agora, contabiliza até três queixas por semana. A discussão ganha ainda mais os holofotes neste mês, o Junho Violeta, que luta contra a violência à pessoa idosa. O Conselho pretende promover uma carreata no próximo dia 25 para conscientizar a população (leia mais abaixo).

Presidente do Comupi, Anna Carolina Mondillo afirma que os idosos chegaram até a ganhar mais visibilidade aos olhos da sociedade com a pandemia, quando o público entrou no grupo de risco para a Covid-19. "Antes, eles eram praticamente 'invisíveis'. Pela Constituição, a partir dos 70 anos, o voto é facultativo, fato que justifica a falta de atenção aos idosos em todo o País".

Mondillo, entretanto, destaca que o Brasil precisará repensar as suas políticas públicas destinadas às pessoas a partir de 60 anos, afinal, a pirâmide deverá se inverter dentro de até três décadas. "Nós teremos mais idosos do que crianças e adolescentes no País", acrescenta.

Diante desse cenário, a presidente do Comupi defende que a sociedade precisa aprender a respeitar os seus idosos, algo que ainda é distante atualmente e que culmina na violência. "Praticada por pessoas próximas às vítimas, que se sentem acuadas para denunciar e impotentes para se defender, a violência doméstica é a mais recorrente não só em Bauru, mas em todo o País", observa.

AGRAVOU

E, se por um lado, a chegada da pandemia deu mais visibilidade aos idosos, a maior permanência das pessoas em suas residências agravou os episódios de agressões, inclusive com outros tipos de violência. "As pessoas ficam mais em casa e muitas perderam o emprego, fato que as levou a depender exclusivamente da aposentadoria dos idosos. Esses, por sua vez, não têm mais acesso ao seu dinheiro para adquirir algum medicamento ou marcar uma consulta médica, momento que pode surgir a chamada violência financeira", descreve.

Ainda segundo a presidente do Comupi, com a suspensão das aulas, muitos pais passaram a deixar os filhos com os avós para conseguirem trabalhar. "Eu já recebi até denúncias de adolescentes que davam medicamentos para dopar os idosos", revela.

PROTOCOLO

Mondillo defende a criação de um protocolo de atendimento aos idosos vítimas de violência em Bauru. "Nós já temos uma rede que envolve o Conselho, Cras, Creas, Promai, EJA, Ministério Público (MP), polícias Civil e Militar, além da Câmara de Vereadores, mas precisamos integrar mais esses serviços para conseguirmos entender o cenário como um todo e, assim, desenvolver políticas públicas mais eficazes, como a implantação de uma disciplina sobre envelhecimento no ensino básico, estimulando os jovens a respeitarem os idosos", complementa.

Integrante do Conselho, Rosa Kami Mura Martins, de 84 anos, relata que já presenciou conhecidos sofrendo violência física e psicológica. "Felizmente, eu nunca fui vítima de algo do tipo, mas fico revoltada sempre que vejo uma pessoa maltratando algum idoso. Logo, reforço a importância de nós denunciarmos para evitar que essa violência chegue ao extremo", destaca.

DENUNCIE

Para denunciar qualquer situação de violência contra idosos, basta entrar em contato com o Disque 100 ou com a Casa dos Conselhos Municipais de Bauru (rua Antônio Prudente, 1-148). O local funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. Já o telefone é o (14) 3227-5434. Existe, ainda, a possibilidade de contatar a presidente do Comupi através do (14) 99718-9437.

Há, ainda, a opção de fazer as denúncias no Departamento de Proteção Especial (3234-1090) e nos Creas (3234-8705 e 3227-7533).