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14/02/2021

Constante abre e fecha do comércio faz lojista viver 'um dia de cada vez'

Há quase um ano - levando-se em consideração que o primeiro caso de Covid-19 foi registrado oficialmente no País no início de março de 2020, os brasileiros convivem com os efeitos nocivos da pandemia. Todos sofrem as consequências - uns mais, outros menos, independente da classe social ou profissão. Aqui, porém, cabe um recorte por conta do constante abre e fecha do comércio local.

Bauru está enquadrada na fase vermelha do Plano São Paulo e, através de decretos e recursos judiciais, a prefeitura tenta encontrar formas para manter o comércio não essencial em funcionamento, por conta dos impactos econômicos já provocados pela duração da pandemia, o controle feito pelos estabelecimentos para evitar contaminações e ainda o fato de comércio e serviços estarem na base da economia de Bauru. Do outro lado, governo do Estado também vai à Justiça, mas para fazer valer as regras do Plano São Paulo e o consequente fechamento do comércio não essencial. Mas o que esse constante abre e fecha significa para o lojista?

Proprietária de uma loja de confecções há 20 anos no Jardim Araruna, Rita Gomes, 57 anos, conta que precisou se reinventar para sobreviver diante do vaivém da fase vermelha. Depois de um quadro de depressão e de perdas ao longo da pandemia, ela diminuiu pela metade a loja, que tinha sete funcionários, e apostou em novas ideias. Parou de investir em roupas de festas para vender peças mais confortáveis e baratas, bem ao estilo "fique em casa".

Nos últimos dias, em um quartinho, Rita Gomes pendurou os vestidos longos e a vontade chorar para dar a volta por cima. "Eles ficavam expostos na loja, mas como o giro estava difícil, não dava mais para deixar ali", lamenta. "O consumidor está com medo de gastar."

Para não fechar as portas, ela adotou a sacola e a saliva para convencer as clientes a continuar comprando. Investiu em divulgação, promoções e tem vendido roupas masculinas, femininas e infantil de forma online e por meio de entregas em consignação. "Ajustei um funcionário para ajudar no leva e traz das sacolas. Não tem sido fácil, mas temos conseguido sobreviver. É preciso muita determinação para não quebrar. Mas sou esperançosa, tenho fé que esses dias difíceis passarão logo", projeta.

'SEM NEGOCIAÇÃO'

Na outra ponta, quem tem loja em shopping também sofre. Há 12 anos no ramo de confecções, Plinio Antônio Cabrini Júnior, 47 anos, precisa se desdobrar e pensar em novas estratégias para conseguir manter suas duas lojas ativas, uma de roupa infantil e a outra de roupas masculinas. Viver uma semana de cada vez é quase uma palavra de ordem.

"No início da pandemia, no ano passado, quando todo o Estado fechou, tínhamos força para negociar valores e prazos com os fornecedores. Agora, não. A maioria das lojas da rede que são próximas a Bauru estão em cidades que vivem a fase laranja, e não dá para concorrer. Nosso delivery não supera 5% do faturamento normal. Com a loja aberta, as vendas melhoravam um pouco, eram 35% do que vendíamos antes da pandemia."

Ele considera que o abre e fecha vivido nos últimos dias é "como decretar morte ao planejamento de compras" e piorar o cenário de incertezas. "É ruim para o lojista, para o fornecedor e também para o consumidor, que não compra por não saber por quanto tempo terá o emprego garantido, por exemplo", pontua.

Na loja de confecções masculina, ele conta que tem trabalhado com uma margem boa que tinha nos estoques e abriu mão da coleção nova. Já na loja infantil, com giro mais rápido, o empresário tem feito as compras de um mês para o outro. "Criança cresce e perde rápido as roupas." Ainda assim, as compras ocorrem em quantidade menor do que "nos tempos normais".

Para se adequar, ele reduziu o quadro de funcionários pela metade. E teme que se o fechamento perdurar, tenha de fazer novas dispensas.

Empresária diz que, por enquanto, tem segurado demissões

Aceituno Jr

Proprietária de duas lojas de confecção de alto padrão e de um café e restaurante de comida árabe na zona Sul de Bauru, Karina Massad, 45 anos, conta que a fase vermelha tem sido de extrema dificuldade e tensão para ela e seus 42 funcionários. Do início da pandemia até agora, ela diz que conseguiu segurar as demissões nos três estabelecimentos, mas que o novo fechamento, se perdurar por mais alguns dias, deve resultar em demissões. "A situação beira a calamidade", opina a empresária.

Mesmo com as vendas online e delivery, o faturamento das lojas caiu pela metade. "As pessoas não querem só comprar por comprar, elas querem contato. A venda é uma experiência social e emocional também.".

No restaurante, a situação é ainda mais tensa. "O drive thru e o delivery não representam nem 20% do faturamento normal."



Fonte: JC Net
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