Neste domingo (6), a Avenida Paulista foi mais uma vez ocupada por uma multidão vestida de verde e amarelo, num movimento popular em defesa das liberdades individuais, da Constituição e da anistia dos presos do 8 de janeiro. O ato reuniu milhares de pessoas em São Paulo, com forte adesão de lideranças políticas da direita.
Jair Bolsonaro (PL) foi a principal figura do evento. Ao lado dele estavam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Também marcaram presença parlamentares, prefeitos, vereadores e apoiadores de diversas regiões do país.
Representando o interior de São Paulo, os deputados Dani Alonso (PL) e Capitão Augusto (PL) participaram do evento reforçando o compromisso com as liberdades e o combate ao que chamam de “perseguição política” promovida pelo Judiciário.
“Estamos aqui para defender o direito a um julgamento justo e a proteção do Estado de Direito, sem interferência ideológica”, declarou Capitão Augusto. Dani Alonso destacou o papel do interior na mobilização: “Representamos a força silenciosa do povo brasileiro que trabalha, acredita no país e exige justiça.”
Michelle Bolsonaro também discursou, pedindo a participação das mulheres e evocando o caso de Débora Rodrigues, presa por pichar com batom a estátua da Justiça durante os protestos de janeiro de 2023.
Por trás das bandeiras e palavras de ordem, o ato na Paulista deixou uma mensagem clara: o bolsonarismo está vivo, organizado e em campanha — mesmo sem uma candidatura formalizada. A manifestação foi, antes de tudo, uma demonstração de força política de um grupo que, apesar das restrições impostas pela Justiça, segue pautando o debate público e mobilizando massas.
A presença de Tarcísio de Freitas, hoje governador de São Paulo e tido como herdeiro político viável de Bolsonaro, é simbólica. Ao subir no trio ao lado de Bolsonaro e Michelle, Tarcísio deixa claro que não pretende se descolar da base bolsonarista.
Do ponto de vista institucional, o recado foi endereçado diretamente ao STF e ao TSE: a direita exige revisão das condenações dos atos de 8 de janeiro, que considera desproporcionais, seletivas e politicamente motivadas. É uma crítica aberta ao sistema de Justiça, feita em praça pública e transmitida em tempo real.
Do ponto de vista político, a presença de Dani Alonso e Capitão Augusto envia um sinal claro: o interior de São Paulo continua sendo um reduto forte do conservadorismo. A base que elege prefeitos, deputados e, eventualmente, presidentes, está viva — e incomodada com o silêncio institucional sobre prisões, processos e julgamentos com viés ideológico.
É preciso entender que o debate não gira apenas em torno de anistia, mas de soberania institucional e equilíbrio entre os Poderes. E neste campo, a direita tradicional — aquela que fala ao agronegócio, à família e à fé — ensaia seu retorno ao protagonismo com a velha fórmula: povo na rua, bandeira nas mãos e discurso afiado.
A mobilização na Paulista também serve de termômetro para 2026. Ainda que Bolsonaro esteja inelegível, o capital político que acumulou segue sendo o ativo mais valioso da direita. A dúvida que resta: quem vai liderar essa massa daqui até as próximas urnas?