Diante do mapa de toda a estrutura do câmpus de Bauru da Universidade de São Paulo (USP), exposto na parede da sala de trabalho de José Henrique Rubo, estão mais de quatro décadas dedicadas à instituição. Lá atrás, aos 14 anos, ele começava a sua trajetória como auxiliar de laboratório na universidade. Hoje, aos 60, já é professor titular e ocupa o importante cargo de prefeito do câmpus bauruense.
A Prefeitura do Câmpus cuida de toda a parte administrativa da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP) e do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho), incluindo a zeladoria, a alimentação e a moradia estudantis, a rede de informática, a assistência social, o complexo esportivo, a comunicação, além das atividades culturais.
Rubo considera quase que uma missão cuidar de tudo isso, já que a USP está praticamente no seu "DNA". O pai do prefeito do câmpus, o já falecido José Rubo, se aposentou como técnico de laboratório de análises clínicas do Centrinho. Ele foi o segundo servidor mais antigo desta unidade de saúde.
A irmã de José Henrique, a dentista Maria Lúcia Rubo de Rezende, de 63 anos, também se aposentou pela USP, mas como professora da FOB. E a ligação com a universidade segue ultrapassando gerações. Os filhos do prefeito do câmpus, Letícia Maria Rubo, de 23, bem como Gustavo Marangoni Rubo, de 22, cursam Engenharia na instituição (ela estuda na Escola de Engenharia de São Carlos e ele na Escola Politécnica de São Paulo), um dos inúmeros motivos que o levam a falar com orgulho dos jovens.
Só dois membros da família do prefeito do câmpus não têm qualquer vínculo com a USP. O irmão mais velho de José Henrique, José Eduardo Rubo, de 64 anos, cursou Engenharia Elétrica na antiga Fundação Educacional de Bauru - hoje, Unesp. Já a mãe do profissional, a também falecida Maria Araújo Rubo, era costureira.
A seguir, Rubo revive a sua trajetória, que se mescla bastante com a história do câmpus da USP local. "Eu sempre serei grato à universidade por ter contribuído para o meu crescimento pessoal e profissional". Confira:
Jornal da Cidade - O senhor nasceu em São Paulo. Quando se mudou para Bauru?
José Henrique Rubo - Nasci em São Paulo, mas, em 23 de dezembro de 1971, quando eu tinha 11 anos, o meu pai foi transferido para o recém-criado Centrinho, motivo pelo qual nós nos mudamos para Bauru.
JC - O senhor começou a trabalhar na USP aos 14 anos. Foi o seu primeiro emprego?
Rubo - Sim. O meu primeiro emprego foi como auxiliar de técnico no Laboratório de Ortodontia da FOB/USP. Dois anos depois, eu exerci o mesmo cargo, mas no Laboratório de Prótese do Centrinho. Tão logo completei a maioridade, prestei Engenharia Mecânica na USP, mas não consegui entrar. Na segunda tentativa, optei por Odontologia e passei em primeiro lugar.
JC - Como era a USP local naquela época?
Rubo - Na década de 80, os prédios mais próximos à entrada da USP pela avenida Octávio Pinheiro Brisolla, como o da Prefeitura do Câmpus, não existiam. Havia apenas uma construção da FOB/USP, algumas outras mais para baixo e a do Centrinho. O resto era mato. Na infância, inclusive, eu brincava neste terreno e na área que, hoje, abriga o Vitória Régia, porque morava bem perto.
JC - O que fez depois que se formou?
Rubo - Em 1986, eu cursei o mestrado e o doutorado na FOB/USP ao mesmo tempo em que lecionava para os alunos da graduação. Uma década depois, resolvi fazer o pós-doutorado em Toronto, no Canadá. Em 2004, me tornei livre docente e, em 2019, professor titular da FOB/USP.
JC - E como foi para chegar ao cargo de chefe na Prefeitura do Câmpus?
Rubo - Ao contrário do que acontece em âmbito municipal, não há eleições para a Prefeitura do Câmpus. O Comitê Gestor encaminha uma lista tríplice sugerindo nomes ao reitor da universidade, que toma a decisão final. Em 2012, eu entrei como vice-prefeito do professor José Roberto Lauris, que ocupou o cargo até 2018, quando assumi o seu lugar.
JC - O senhor já alcançou o cargo de professor titular e uma posição administrativa bastante relevante. Se sente realizado ou ainda quer mais?
Rubo - Restam poucos anos para eu me aposentar e estou satisfeito com a evolução da minha carreira, mas sem abdicar de novos desafios. Também quero ter tempo para me dedicar à minha namorada, com quem mantenho um relacionamento há cerca de um ano.
JC - Tem algum hobby?
Rubo - Bike e corrida de rua. Em 2018, inclusive, eu participei da Maratona de Nova York, considerada uma das maiores do mundo. Na época, percorri 42 quilômetros em quatro horas e meia. Um ano antes, caminhei do município de Águas da Prata até o de Aparecida do Norte, totalizando 320 quilômetros em dez dias. Além disso, faço parte do Conselho Deliberativo da Sociedade Italiana Dante Alighieri de Bauru.
JC - Acredita que a USP esteja no seu 'DNA'?
Rubo - Eu e a minha irmã nos inspiramos no nosso pai na hora de ingressar na universidade. Acredito que os meus filhos tenham feito o mesmo em relação à mim.
JC - Por fim, qual é o legado que a universidade deixa na sua vida e na da sua família?
Rubo - Eu sempre serei grato à universidade por ter contribuído para o meu crescimento pessoal e profissional.