Primeiro de Agosto, 6-80. Esse endereço abrigou a Jornais e Revistas Pavan, na região central de Bauru, por 42 anos. Desde o último dia 10, porém, o proprietário da banca, Orlando Pavan, de 80 anos, resolveu "virar a página" e aproveitar o tempo livre para curtir a família, formada pela esposa Aparecida, pelos filhos Richard e Cátia, bem como pelos cinco netos e quatro bisnetos.
Natural de Quintana, cidade limítrofe a Tupã, seu Orlando, como costuma ser chamado, chegou a Bauru aos 9 anos e não mais deixou o município.
Em 1979, depois que o então cobrador ficou desempregado, ele decidiu comprar o ponto e, assim, montar o próprio negócio. "Eu vendia muito bem o Jornal da Cidade, o Diário de Bauru e, posteriormente, o Bom Dia, além de alguns jornais nacionais, como Folha de S. Paulo e Estadão", descreve.
Entre uma venda e outra, seu Orlando espiava as manchetes dos principais jornais e, se algo despertasse o seu interesse, ele aguardava os clientes saírem para, enfim, matar a curiosidade nas páginas internas dos periódicos.
Mas eram os quadrinhos de Chico Bento que mais o agradavam. "A minha banca nunca trabalhou com outros produtos, além de jornais e revistas. Por isso, eu creio que fui o único de Bauru a tocar o negócio dessa forma", exalta.
TRÊS GERAÇÕES
Da clientela, seu Orlando só guarda boas recordações. "Muitos fregueses se tornaram amigos e, ultimamente, eu também atendia seus filhos e netos", revela.
A proximidade com os clientes é tamanha que o comerciante chegou a ganhar uma placa comemorativa dos 42 anos da banca de um freguês de Pirajuí. O jornaleiro também protagonizou algumas notícias do Jornal da Cidade devido à tradição do seu negócio.
Apesar de todo esse carinho, seu Orlando resolveu "virar a página". O comerciante aproveitou o fato de o dono do prédio ter resolvido reformar o espaço para encerrar as atividades do estabelecimento de uma vez por todas.
Além de curtir a família, seu Orlando quer aproveitar uma chácara que adquiriu graças ao trabalho árduo na banca. "Por muito tempo, o estabelecimento funcionou de segunda a segunda-feira, das 7h às 22h, expediente que não permitiu que eu dedicasse o tempo que gostaria à minha vida pessoal, mas nunca é tarde para recomeçar", finaliza.