Uma provável terceira onda da Covid-19 tem sido cada vez mais tema de discussões e projeções no Brasil. Em Bauru, o secretário municipal de Saúde, Orlando Costa Dias, afirma estar em alerta sobre a possibilidade. Prevendo que esse aumento possa ocorrer no período entre julho e agosto no município, ele destaca que já estuda até mesmo parcerias visando a ampliação de mais 20 leitos públicos de UTI para a doença, caso este novo pico se concretize.
Conforme o JC noticiou, a possibilidade de agravamento da pandemia também foi aventada pelo vice-governador, Rodrigo Garcia, que esteve na região no último sábado (22) (leia mais abaixo).
Em Bauru, as novas vagas projetadas por Orlando Dias seriam distribuídas da seguinte forma: dez leitos em uma ala a ser aberta no hospital de campanha do Hospital das Clínicas (HC), ao lado da que já funciona no oitavo andar; e mais dez leitos seriam transformados em UTI no Hospital Estadual (HE).
"Ainda é preciso negociar, mas estou em contato direto com o pessoal da Famesp sobre essa possibilidade. A nossa Procuradoria queria dez vagas de imediato, mas fizemos uma reunião sobre o assunto e ainda não é o momento", comenta o secretário.
QUEDA DE CASOS
Uma das situações que leva o município a não antecipar as negociações para a abertura imediata de mais leitos a casos graves é a queda observada no registro de novas confirmações da doença nos últimos dias.
Após atingir o recorde da pandemia na primeira semana de maio (221 novas confirmações por dia), a média móvel de novos casos de Covid-19 registrou queda, para 167 novos registros diários, entre 10 e 16 de maio.
Na semana seguinte, de 17 a 23 de maio, houve novo decréscimo da média: 157,4 novas confirmações por dia. A média de novas mortes diárias, por sua vez, oscilou, mas ainda é inferior ao recorde registrado em abril (veja mais no quadro).
"Essa diminuição é um alento. Mostra que a segunda onda está perdendo força", comenta o secretário. Orlando alerta, contudo, que a circulação da população aumenta a cada dia e que isso poderá trazer resultados. "Eu, geralmente, sou muito otimista, mas, desta vez, não estou não. Acredito que lá para julho ou início de agosto pode acontecer uma terceira onda. É real o perigo da cepa indiana, que tem alto poder de transmissão e letalidade. Não registramos nada em Bauru, mas o alerta no País existe", ressalta.
Embora os dados da média móvel indiquem queda nas últimas semanas, o titular da Saúde diz ter notado aumento de internações de pessoas com Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) neste fim de semana.
"Se percebermos que a situação está se agravando muito, tomaremos atitude. Só não temos como exigir mais dez vagas no HC para hoje, porque a terceira onda pode não vir, aí o município ficaria a com dívida", cita o secretário, que é também vice-prefeito.
Ele explica que a ala para ativação de mais UTIs no HC está com a estrutura pronta. O local só não dispõe de hemodiálise, o que, segundo Orlando, não seria problema, pois é possível utilizar os três pontos já existentes para o procedimento na ala que hoje está ativa.
O secretário municipal de Saúde garante ainda que Bauru possui Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e insumos suficientes para enfrentar um possível terceiro pico de casos. "Temos um bom estoque", conclui Orlando Costa Dias.
Presente em inaugurações de obras na região, no último sábado (22), o vice-governador e secretário de Governo do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), também falou sobre a ameaça da terceira onda e, diante da possibilidade de agravamento da pandemia, confirmou que serão prorrogados, por mais dois meses, todos os convênios de leitos hospitalares voltados para o tratamento de pacientes com Covid-19 no Estado. Conforme o JC noticiou, ele ainda garantiu que, caso seja necessário, haverá a abertura de novas vagas, inclusive no HC em Bauru.
Orlando Costa Dias acredita, contudo, que a terceira onda de Covid, caso realmente ocorra, deve ser "mais branda" do que as duas últimas.
"Daqui a um mês e meio, teremos praticamente 50% da população de Bauru vacinada. Então, acho que ela não terá a capacidade destrutiva que teve a segunda onda, mesmo diante da nova cepa indiana", avalia o secretário.
O ideal, defende o titular da Saúde, seria aumentar a imunização para evitar o novo pico. "Seria necessário que o governo comprasse mais e produzisse mais vacinas para poder nos mandar uma quantidade maior", finaliza Orlando Dias.