É em um cama de hospital, sem conseguir andar ou falar, que o agente penitenciário André Ricardo Meireles de Oliveira, 38 anos, segue lutando pela vida, seis meses depois de ser infectado pelo novo coronavírus. Morador de Bauru, ele levada uma vida normal até outubro do ano passado. Solteiro e sem filhos, morava com a mãe e viajava constantemente a trabalho para o município vizinho de Reginópolis.
Segundo a família, fora o sobrepeso, André não tinha qualquer doença preexistente. Contudo, o fato de ser um homem saudável não o livrou de enfrentar a forma mais grave da doença. Depois de sofrer duas paradas cardiorrespiratórias e ser reanimado por equipes médicas, segue em estado vegetativo. Ninguém, nem mesmo os profissionais de saúde, sabe se, um dia, ele voltará a ter a vida de antes da Covid-19.
Irmã do agente penitenciário, a dona de casa Ana Claudia Meireles Donato, 40 anos, conta que André começou a manifestar os primeiros sintomas, como febre, tosse e dor de cabeça, em 18 de outubro, sendo internado na UTI três dias depois, quando procurou socorro. "Porém, ele não reagiu aos antibióticos, tinha febre alta e estava com baixa oxigenação no sangue. No dia 24, parou de se comunicar e precisou ser intubado", relembra.
DANO NEUROLÓGICO
Foram quase 30 dias nesta condição. Por decisão médica, o paciente foi extubado e, em 20 de novembro, chegou a gravar um vídeo para acalmar os familiares. Ainda com dificuldades para respirar, disse que estava bem e que, em breve, retornaria para casa. Horas depois, porém, viria a sofrer a primeira parada cardiorrespiratória.
"Ele ficou 11 minutos em parada e foi intubado novamente. Até então, ninguém tinha noção de como a parte neurológica tinha sido afetada e ele foi extubado pela segunda vez em 28 de novembro, quando teve nova parada, mais uma vez motivada pela baixa saturação de oxigênio no sangue. Ele convulsionou e precisou ser reintubado naquele mesmo dia", descreve a irmã.
Depois de ser extubado pela terceira vez, André foi submetido a uma traqueostomia e, no dia 15 de dezembro, transferido para um leito de UTI não-Covid, quando sua família foi informada de que ele tinha uma sequela neurológica. "Tivemos autorização para visitas e a primeira impressão foi trágica. Ele não se mexia e sequer abria os olhos. O médico disse que, provavelmente, ele não vai mais falar ou andar", lamenta Ana Claudia.
De acordo com ela, a equipe disse que o dano neurológico foi provocado pela falta de oxigenação no cérebro durante as paradas cardiorrespiratórias e também por uma infecção cerebral (encefalite) resultante da Covid. Desde sua internação até agora, o agente penitenciário perdeu 15 quilos e, segundo a irmã, só começou a esboçar algumas pequenas reações, como piscar os olhos a pedido dos familiares, nos últimos 30 dias.
ESPERANÇA
No início de fevereiro deste ano, André chegou a receber alta, porém, dez dias depois, precisou ser novamente internado devido a uma infecção nos ossos causada por uma escara (ferida) na região das nádegas e uma trombose na perna direita. Ele permanece hospitalizado até hoje.
"A previsão é de que ele fique internado mais três a quatro meses. A gente pede muito para Deus e mantemos a esperança de que ele volte a ser como antes, uma ativa e carinhosa", pontua Ana Claudia, que pede ajuda para custear alguns insumos, como fraldas, curativos para as escaras e vitaminas específicas, bem como para pagar a cuidadora do irmão, que o acompanha no período noturno, e as parcelas da cama hospitalar e da reforma necessárias para receber André em casa. Os dados são: agência: 6533-1 (Banco do Brasil), conta 148.898-8, em nome de André Ricardo Meireles de Oliveira, CPF 299318778-39.