Além da carreira sólida e de sucesso, a capacidade de lembrar rapidamente nomes de atletas, datas de campeonatos, escalações de times e placares de jogos fez de Leonardo Pereira Brito, mais conhecido como Leonardo de Brito ou apenas Léo, um ícone respeitado no meio esportivo bauruense. O jornalista, que se diz "pernambucano de nascimento e bauruense por adoção", chegou na Cidade Sem Limites com apenas 3 anos. Aqui, desenvolveu um amor gigante por esportes, principalmente pelo Noroeste, enquanto, ainda criança, assistia aos jogos do alvirrubro junto com o pai, da arquibancada do antigo Estádio Alfredo de Castilho, na década de 1950.
Essa paixão foi, inclusive, o que catalisou a decisão dele de se tornar jornalista esportivo, ainda na adolescência. Durante toda a vida profissional, Léo trabalhou em redações de todos os tipos de imprensa: televisão, rádio, revista e jornal, quase sempre na editoria de Esportes. Inclusive, faz parte da história do Jornal da Cidade, onde colaborou desde sua fundação, em 1967, até março de 2020. Foi repórter, editor e colunista.
Atualmente, continua na ativa, mesmo tendo se aposentado em 2007. O jornalista marca presença em entrevistas coletivas dos clubes de Bauru, atua como eventual comentarista esportivo em rádios e ainda publica matérias e relatos no 'Blog do Léo' (emconfianca.wordpress.com).
Se a carreira é consolidada, não é diferente na vida pessoal. Leonardo é o terceiro filho de oito irmãos, frutos do casal Eduardo Pereira Brito e Maria Theodora Mahon Brito (ambos já falecidos). Casado desde 1984 com Manoela Maschietto Brito, ele é pai de Marcelo Brito e avô do pequeno Miguel, de 3 anos. Leia, a seguir, os melhores trechos da entrevista com essa "enciclopédia" da crônica esportiva bauruense, que também é um apaixonado pelo samba:
JC - Como descobriu seu amor pelo esporte?
Leonardo de Brito - Quando ia com meu pai nos jogos do Noroeste, ainda criança. Também sou torcedor do Santos, de onde veio o saudoso Pelé, e do Santa Cruz, de Pernambuco. Aliás, foi assim que descobri que queria ser jornalista e queria trabalhar com esporte. Nunca tive dúvidas sobre isso. Tanto é que comecei a atuar ainda na juventude em uma rádio de Bauru, mas precisei parar por um tempo para servir no Exército. Depois que voltei, nunca mais parei. O legal é que passei esse amor pelo futebol para meu filho. Ele é fanático pelo Chelsea, da Inglaterra, e fez alguns anos de Jornalismo, mas acabou optando por Publicidade.
JC - O senhor mencionou o Pelé. Já chegou a se encontrar com ele?
Léo - Sim, várias vezes. O Pelé me chamava de 'Léo'. Estive com ele, inclusive, no dia em que recebeu o título de cidadão bauruense (veja fotos ao lado), em 1975. No futebol, ele é meu ídolo.
JC - E tem outros ídolos?
Léo - Sou apaixonado por samba e, para mim, é Deus no céu e Zeca Pagodinho na Terra (risos). Considero 'Deixa a Vida Me Levar' um hino. No jornalismo, destaco Arnaldo Nogueira, que trabalhou anos no jornal O Globo e na Rede Globo.
JC - O senhor já deve ter presenciado muitos momentos marcantes na crônica esportiva. Consegue citar alguns?
Léo - Quando estava cobrindo a partida [do Noroeste] contra o Guarani, no Pacaembu, em 1966. Perdemos por 4 a 2 e caímos para a A2 pela primeira vez. Depois, em 1970, também estava trabalhando quando reconquistamos o acesso, jogando no Parque Antártica (atual Allianz Parque). Aliás, todas as vezes que o Noroeste conquistou o acesso à Elite do Paulista foram momentos felizes, especialmente em 2005 e 2010. Como vibrei! Em contrapartida, o rebaixamento da 2.ª para a 3.ª Divisão, em 1999, foi o mais dolorido de todos. Acredito que o jornalista precisa saber controlar suas emoções, mas, naquele dia, senti muita tristeza depois daquela derrota por 3 a 2, de virada ainda, para o Paraguaçuense, seguida pelo rebaixamento. Foi a primeira e única vez que chorei.
JC - Mas, deve ter passado por alguns momentos curiosos também, né?
Léo - Lembro de um momento pitoresco, quando cobria o jogo do Noroeste contra o São Carlos, no estádio deles, no final da década de 1960. Todas as pessoas que estavam no campo tiveram que deitar no chão para evitar o ataque de um enxame de abelhas-africanas. O jogo ficou paralisado por meia hora.
JC - Também fez grandes amigos por causa do jornalismo esportivo?
Léo - Muitos! Mestres e amigos. Nilson Costa, que até foi meu padrinho de casamento, Laudze Menezes, Alonso Campoy, José Fernando do Amaral, João Bidu, Marcelo Ferrazoli, Paulo Sérgio Simonetti, Luiz Carlos Azenha? é até difícil citar todos os nomes agora.
JC - Na sua opinião, a forma de fazer jornalismo esportivo mudou com o tempo?
Léo - Eu passei por várias fases do jornalismo. Vi a primeira antena de televisão ser instalada em Bauru, a chegada do offset e as redações sendo ocupadas por computadores. Antes, era tudo na raça. Não dava para pesquisar informações na Internet, por exemplo. Então, a gente tinha que saber muita coisa de cabeça. Mas, na essência, acredito que continua a mesma coisa.
JC - Por fim, quais são os seus planos para o futuro?
Léo - Quero continuar trabalhando, no blog ou como comentarista esportivo. Minha paixão pelo jornalismo não me deixa parar. E quero continuar com a minha rotina, de acordar cedo, ler o jornal tomando café e fazer minha caminhada matinal, que não perco nem se estiver chovendo canivete (risos).