O brasileiro apaixonado pelo cafézinho diário tem sentido o peso do aumento nos preços. Em 2024, o café subiu 50,3%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado recentemente. Só em janeiro deste ano, o valor médio do café torrado e moído chegou a R$ 56,07 por kg no varejo.
E as projeções não são nada animadoras. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) prevê que o preço do grão pode aumentar mais 25% nos próximos dois meses. O motivo? Uma combinação de problemas climáticos, crises internacionais e custos de produção nas alturas.
O aumento do preço do café é resultado de uma tempestade perfeita de fatores, que vai desde a produção afetada por mudanças climáticas até a crise internacional de oferta.
Clima extremo: O calor intenso e a falta de chuvas em 2023 prejudicaram gravemente as plantações de café no Brasil, reduzindo a produção. Para minimizar as perdas, muitos produtores adotaram a técnica chamada de “esqueletar” as lavouras, que consiste em podas drásticas para dar às plantas uma chance de recuperação no próximo ciclo de colheita.
“Muitos preferem abrir mão de uma safra fraca a gastar com uma colheita que não será lucrativa”, explica Cesar Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA.
Crise no Vietnã: O Vietnã, maior produtor mundial de café robusta, também está enfrentando sérios problemas climáticos. Com a queda na produção local, a demanda por café brasileiro disparou, o que elevou ainda mais o preço do café arábica, variedade mais produzida no Brasil.
Segundo Pavel Cardoso, presidente da Abic, o custo de produção da indústria subiu 116,7% de 2023 para 2024. Até agora, esse aumento não foi totalmente repassado ao consumidor final, mas essa situação deve mudar em breve.
A indústria está segurando o preço, mas não será possível por muito mais tempo. Nos próximos meses, os consumidores vão perceber esse reajuste diretamente nas prateleiras.
A previsão é que o preço só comece a estabilizar no segundo semestre, dependendo das condições climáticas e da recuperação das lavouras. Até lá, os amantes de café precisarão se adaptar ao novo cenário e talvez buscar alternativas para economizar na hora de comprar o famoso café torrado e moído.