No ambiente urbano, eles se alimentam de baratas e se escondem sob entulhos. Os escorpiões, cujo veneno pode matar uma criança ou uma pessoa com a saúde debilitada, têm o metabolismo mais ativo no verão, mas podem aparecer nas demais épocas do ano, inclusive no inverno, que começa nesta segunda-feira (21). Só em 2021, 113 pessoas foram picadas em Bauru até agora, o que equivale à média de um caso a cada 31 horas. Apesar de a prefeitura considerar o número dentro da média, os dados acendem o alerta sobre a importância de adotar as medidas profiláticas não somente no período de maior incidência, mas ao longo do ano inteiro.
O Conselho Municipal de Saúde, inclusive, promete enviar à Secretaria Municipal de Saúde uma solicitação para que a pasta continue, na nova estação, com as atividades de vigilância ambiental que já desempenha na cidade. O assunto veio à tona depois que o órgão recebeu uma série de queixas sobre o aparecimento dos escorpiões (leia mais ao lado). Até uma das suas conselheiras, Rose Lopes, chegou a ser picada por um dos aracnídeos ainda nesta semana, enquanto estava na sua casa, na Vila Dutra, mas passa bem.
Diretor da Divisão de Vigilância Ambiental, órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde, Roldão Antonio Puci Neto frisa que o poder público já desenvolve um trabalho de busca ativa dos escorpiões. Ainda segundo ele, o verão oferece condições mais propícias para o aparecimento desses animais. Tanto que, em 2021, a maioria dos acidentes registrados pelas redes pública e privada de saúde se concentra entre janeiro e abril.
POR MÊS
No primeiro mês deste ano, 32 pessoas (27 adultos e cinco crianças) se feriram. Em fevereiro, houve 27 casos (22 adultos e cinco crianças). Em março, o município registrou 32 ocorrências (23 adultos e nove crianças). Em abril, por fim, foram 22 casos (14 adultos e oito crianças).
Entre os meses de maio e junho, Bauru não registrou qualquer ocorrência, totalizando, em 2021, 113 acidentes (86 adultos e 27 crianças). Porém, vale lembrar que alguns casos são subnotificados, porque os envolvidos não procuram por atendimento médico.
De acordo com Roldão Puci Neto, em 2020 inteiro, a cidade teve 282 acidentes com escorpiões, o que também equivale a uma ocorrência a cada 31 horas. "Os dados estão estáveis de um ano para o outro, mas as pessoas ainda precisam se precaver".
O diretor da Vigilância Ambiental também revela que os bairros mais periféricos, que têm muitos terrenos baldios com entulho acumulado, merecem uma atenção especial.
FORA DE ÉPOCA
Segundo o biólogo Roberto Marono, os escorpiões costumam aparecer fora do período mais quente sempre que alguém mexe em terrenos baldios cheios de entulho ou, ainda, após a dedetização. "Em contato com o veneno, alguns animais fecham as vias respiratórias e conseguem fugir".
Em caso de acidente escorpiônico, Marono afirma que as vítimas precisam procurar por uma unidade de saúde, principalmente, por causa da dor intensa. "O soro antiescorpiônico só é aplicado em casos graves, que costumam envolver crianças e idosos", reforça.
SERVIÇO
Para notificar o aparecimento de escorpiões, basta entrar em contato através do (14) 3103-8050, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Existe, ainda, a possibilidade de acionar a Ouvidoria pelo site www.bauru.sp.gov.br.
A dona de casa Zenaide Linaldi, de 64 anos, vive no Gasparini e, nas últimas semanas, encontrou escorpiões no banheiro, na pia da cozinha e até em cima da cama. "Outros vizinhos, que têm filhos pequenos, também foram surpreendidos com esses animais em casa", diz.
O padeiro Wellington Valdener Scorssafava, de 34, que mora na Vila Dutra, já encontrou três escorpiões na sua residência. "Por sorte, o meu gato matou os animais antes que eles entrassem em casa", narra.