Assim como milhares de pessoas no mundo que se recuperaram do novo Coronavírus, um empresário assisense sentiu que a fé, as vídeos chamadas com a esposa e a empatia dos profissionais da saúde foram fundamentais para que ele tivesse um final lindo, de superação e voltasse para casa, com um novo aprendizado: valorizar pequenas coisas da vida.
Essa é a parte da história de Luiz Otávio Souza, 59 anos, dono de uma loja de cartuchos para impressoras, no Centro da cidade.
Para ele o maior choque foi o resultado do exame. Que veio em dose dupla, pois sua esposa Antonia também testou positivo para a doença.
Isso aconteceu em meados de fevereiro de 2021, quando Otávio e Antonia começaram a sentir os sintomas da doença, que eram tosse e febre. Veio então a necessidade e decisão de realizarem o teste SWAB, para COVID. Com o resultado, isolaram-se em casa e após 3 dias ela já estava muito melhor, porém, com o marido foi diferente.
"Quando vi que meu resultado havia dado positivo, foi um baque. Passou um filme na minha cabeça, pois lembrava de tudo que vinha acompanhando pelas mídias. Era tragédia atrás de tragédia. Só pensava em sarar", conta Otávio.
Luiz Otávio Souza, tem 59 anos e após recuperação tem novos propósitos para sua vida
Porém, aconteceu o que ninguém quer que aconteça. "No décimo dia de isolamento comecei a me sentir mal e não tive outra escolha a não ser ir para a UPA", diz emocionado.
Na UPA, Otávio permaneceu até que surgisse uma vaga em um dos hospitais, que já se encontram em estado de colapso.
"A movimentação na UPA era grande!!! Fiquei lá dois dias e não via a hora de surgir uma vaga em um hospital para eu ser transferido. Minha esposa monitorava tudo de casa e mesmo estando com a doença a todo momento tentava me fortalecer", revela.
Chegou a vez de Otávio! Surgiu uma vaga, hoje tão disputada, e ele foi transferido para a ala de isolamento da Santa Casa de Assis.
A situação era desesperadora, pois os exames de sangue e a tomografia de Otávio estavam em níveis péssimos. "Escutei dos médicos que minha situação era delicada e os resultados dos exames péssimos, mas ainda não era preciso ir para a UTI", conta emocionado.
Médicos e equipe de enfermagem monitoravam Otávio até resultado de novos exames.
"O que sei é que se os resultados dos novos exames de sangue e tomografia fossem iguais ou piores ao primeiro, eu iria para a UTI, não foi o que aconteceu", agradece Otávio.
Por nove dias, na ala de isolamento, a sustentação para sua recuperação chegou de várias formas. As vídeos chamadas da esposa Antonia, mensagens de amigos, oração de familiares e amigos e pelo simples 'bom dia' da equipe de saúde, que para ele são 'verdadeiros anjos na terra'. Isso fortalecia não somente Otávio, mas também Antonia que não deixava a fé se abalar.
"Eu fico emocionado com o tratamento que recebi na Santa Casa, que é um 'Quartel General de Anjos'. O 'bom dia' era diferente, que para muitos é um ânimo a mais para continuar ali na luta", elogia Otávio.
Otávio encontrou força no apoio de sua família e amigos
Sobre o medo de morrer, Otávio limita-se a dizer, com sua fé intrínseca, "eu sentia que não ia morrer e ainda sentia a segurança que os profissionais me passavam, acreditava nas orações vindas de familiares e amigos, e da fé e apoio sem limite da minha esposa e do amor que ela demostrava pelas chamadas de vídeo", afirmou Otávio.
A falta do contato físico e do abraço e a solidão deixaram marcas em sua vida.
"Foi difícil passar dias sem ver e abraçar pessoas que gosto. Tudo acontecia por uma tela de telefone. A solidão era grande, apenas a TV e o companheiro de isolamento, antes dele ir para UTI, que faziam o tempo passar", enfatiza Otávio.
Vencer o vírus com vida, apesar de ainda um pouco cansado e abatido pela doença, fez com que Otávio assumisse para ele mesmo um outro compromisso com a vida.