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11/03/2021

Especialista aponta que mais de 20% de pacientes com Covid têm lesão renal

Após um ano de pandemia, muito se aprendeu sobre a Covid-19. Apesar de ser uma infecção respiratória, já se sabe que, principalmente quando evolui para a forma grave, pode afetar o funcionamento de vários outros órgãos do corpo, dentre eles, os rins. Estudos apontam que mais de 20% dos pacientes com a doença desenvolvem lesões renais. Já entre os que vão para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o índice chega a 76%. Inclusive, nesta quinta-feira (11), é celebrado o Dia Mundial do Rim, data voltada para informar a população sobre como prevenir doenças renais.

De acordo com a médica nefrologista Tricya Nunes Vieira Bueloni, do Grupo São Francisco, que integra o Sistema Hapvida, os rins, juntamente com os pulmões, estão vulneráveis à ação direta do coronavírus e de citocinas inflamatórias, liberadas em grande quantidade nos casos de contaminação pelo Sars-CoV-2. "Pesquisas apontam que mais de 20% das pessoas com Covid-19 desenvolvem doença renal. Além disso, foi feito um estudo com quase 4 mil pacientes, em janeiro deste ano, que revelou lesão aguda no órgão em 46% dos hospitalizados com coronavírus, sendo que 19% deles precisaram de diálise. O percentual é muito mais significativo entre os que estão na UTI, chegando a 76% dos casos", detalha a médica, sobre um estudo desenvolvido por um grupo de pesquisadores de diversas partes do mundo.

Antes da pandemia, diabetes e hipertensão eram apontadas como as principais motivadoras de disfunções renais. Porém, atualmente, a Covid-19 também integra esse grupo. "Há dois tipos de alteração do funcionamento dos rins. Chamamos de doença renal crônica quando ocorre a perda da atividade de forma lenta e progressiva e há a necessidade de tratamento dialítico. Nesses casos, não há reversão. Existem também os quadros agudos, associados a algum evento grave infeccioso, ao uso de alguma medicação que subitamente fez o exercício dos rins se deteriorar, a uma desidratação grave, sangramentos e quedas importantes da pressão, entre outras. Aqui, se enquadra a lesão que ocorre em infectados pelo coronavírus", explica a médica.

SEQUELAS

Quando os rins apresentam problemas devido à contaminação pela Covid-19, o quadro pode ser temporário, porém, há chances de permanecer sequelas que mantenham a ação do órgão comprometida, a depender da gravidade da situação, das complicações presentes, das comorbidades associadas, principalmente nos pacientes que já apresentam alteração de função renal, diabéticos e hipertensos.

Em casos agudos, a pessoa é mantida internada para, além de tratar a infecção, evitar fatores que possam afetar ainda mais o funcionamento dos rins. O tratamento continua até que o órgão apresente sinais de recuperação. "A hemodiálise evita a sobrecarga de líquidos no corpo e nos pulmões, eliminando substâncias tóxicas que prejudicam mais o paciente e podem contribuir para a gravidade e, consequentemente, para o óbito", afirma a médica.

Por outro lado, os infectados pelo coronavírus, mesmo quando recuperam a atividade dos rins, devem ser acompanhados depois da alta hospitalar por um nefrologista. "Ainda não se sabe se alterações, como a evolução para uma doença renal crônica, podem aparecer com o tempo", finaliza a médica.

Com fim da isenção do ICMS por diálise, Abrec teme colapso

Com o aumento de pacientes com doenças renais necessitando de tratamento durante a pandemia, a Associação Bauruense de Apoio e Assistência ao Renal Crônico (Abrec) teme um colapso no sistema de saúde por conta da demanda. Segundo a entidade, o cenário fica ainda mais grave considerando a suspensão da isenção do ICMS sobre operações de clínicas de terapias renais e de nefrologia, como diálises, anunciada pelo governo do Estado em dezembro do ano passado.

"Hoje, já existe uma defasagem enorme de vagas para tratamento. Mas a elevação dos custos dos procedimentos deixará o serviço insustentável para muitas clínicas, levando em conta que, desde 2017, o SUS não reajusta o repasse pela diálise", pontua a gerente administrativa da Abrec, Solange Amaral, junto à presidente da entidade, Silvia Regina da Silva.

A preocupação se intensifica pelo fato de que muitos desses pacientes, principalmente os renais crônicos, precisam de hemodiálise três vezes por semana, até que consigam um transplante. "Só que, na pandemia, o número de doações do órgão e, consequentemente, de transplantes, caíram muito", observa Solange.

Por outro lado, a entidade reforça que a doença renal crônica pode ser prevenida com hábitos saudáveis, a fim de evitar hipertensão e diabetes, que são causadoras de insuficiência nos rins, segundo Érica dos Santos, responsável pelo Projeto de Prevenção da Abrec.

Sobre a questão do ICMS, o Estado informou que "não há hipótese de prejuízo ao atendimento de pacientes SUS nas clínicas de diálise. A legislação que reduziu os benefícios fiscais deixou aberta a possibilidade de ser concedido o benefício a outras entidades filantrópicas e assistenciais, principalmente o atendimento gratuito ao SUS, conforme se apresentarem situações que justifiquem a medida".

Além disso, justificou que a alíquota padrão do ICMS é de 18% e as inferiores são incentivo fiscal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. "A prioridade do governo, nesse momento de pandemia, é garantir o atendimento gratuito à população mais carente, tanto em saúde, como educação, segurança pública e assistência social. O ajuste fiscal é temporário, de até 24 meses", finalizou a pasta, em nota.

A Abrec também ajuda pacientes renais crônicos que estejam passando por dificuldades. Para doar cestas básicas, roupas e cobertores à entidade, basta ligar para (14) 3204-6346, ou levar a doação até a rua Jorge Pimentel, 1-113, Vila Engler (próximo à Vila Vicentina).

O Dia Mundial do Rim é celebrado sempre na segunda quinta-feira do mês de março. Com isso, neste ano, a data foi marcada para hoje, dia 11.



Fonte: JC Net
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