Há cerca de três meses, um comerciante de 57 anos não consegue retirar insulina do Hospital Estadual de Bauru. Em todo esse período, o homem, que pediu para ter a identidade preservada, está precisando pagar do próprio bolso pela medicação usada pelo seu filho, que possui diabetes tipo 1. Questionado, o Estado alega que o remédio é adquirido pelo Ministério da Saúde. O órgão federal, por sua vez, diz que enviou 61.910 unidades em 16 de fevereiro deste ano à pasta estadual e que outras 540 chegarão dentro das próximas semanas.
O comerciante conta que o seu filho tem 27 anos, mas descobriu a doença aos 7. Desde então, o rapaz precisa da insulina para controlá-la. "Nós ingressamos com uma ação na Justiça para que o Estado bancasse a medicação, mas não conseguimos retirá-la há cerca de três meses".
Como o jovem não pode ficar sem o medicamento, a família acaba comprando. "Tem gente que não consegue adquirir, fato que coloca muitas vidas em risco", critica.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirma que "as insulinas NPH Humana e Regular fazem parte da lista de medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde, responsável pelo planejamento, compra e compartilhamento com as unidades federativas, que, por sua vez, apenas redistribuem às farmácias à medida em que os lotes chegam".
RESPONSABILIDADES
O governo estadual diz ainda que a pasta federal tem atrasado a entrega dos itens. O Ministério da Saúde, porém, alega que "atendeu à demanda informada pelo Estado de São Paulo e enviou 61.910 unidades do medicamento no dia 16 de fevereiro deste ano".
Ainda de acordo com o órgão federal, a remessa era suficiente para o segundo trimestre de 2021. Mesmo assim, a instituição adianta que outras 540 unidades de insulina chegarão dentro das próximas semanas.
A pasta pontua que "solicitou o envio da programação antecipada do segundo trimestre de 2021 para a insulina análoga de ação rápida 100 UI/ml a todas as secretarias estaduais de Saúde, com distribuição a partir de 2021".
A medida, segundo o Ministério da Saúde, possibilitou a entrega antecipada aos pacientes para os próximos três meses dos lotes que venceriam até o dia 30 de junho deste ano. Nesse mesmo comunicado, segundo o órgão, foram ofertados lotes adicionais de insulina análoga de ação rápida, em caráter de doação, com validades de janeiro a maio de 2021.