Alívio, palmas, orações e muitas lágrimas, desta vez, de alegria. Assim foi a última vez que Nilva de Fátima Pinheiro, de 60 anos, pisou no centro ambulatório de quimioterapia do Hospital Estadual (HE) de Bauru, nesta quinta-feira (15). Diversos carros de familiares a aguardavam para uma carreata que percorreu a cidade para celebrar, com bexigas e buzinaço, aquele que foi o seu último dia de tratamento agressivo contra o câncer de mama. Ao deixar o HE, a primeira coisa foi se ajoelhar e agradecer. Uma vitória que está sendo muito comemorada por quem já cogitou, um dia, em se entregar, desistir.
Nilva, moradora do Parque Viaduto, contou que a vida virou de pernas para o ar há pouco mais de oito meses, quando descobriu que um carocinho na mama esquerda era, na verdade, um tumor maligno. "Fiquei dois anos sem fazer mamografia. Por isso, eu peço: mulheres, façam periodicamente o acompanhamento médico", alerta.
Ela acrescenta que todo o processo de quimioterapia foi muito desgastante, mental e fisicamente. No entanto, ao receber apoio dos familiares, inclusive, após uma das três filhas, a Cinthia Pinheiro, homenagear a mãe raspando o próprio cabelo, o "jogo" começou a virar.
Ela sentiu, ali, que era possível vencer esse adversário. "Passei pelas fases da quimio vermelha, a mais agressiva, e a branca, mais frequente. Foram muitas reações alérgicas, feridas, o medo de contrair a Covid-19 e a perda do cabelo me deixou desesperada. Fiquei sem chão. Tudo isso me fez desejar desistir, de verdade. Mas tive a força da família, orei, pedi ajuda e me apeguei com Deus.", comenta, emocionada.
A carreata comemorou o desfecho desta fase mais turbulenta, mas ainda resta uma última etapa, a cirurgia de remoção do tumor, adiada duas vezes pelo SUS. Ela explica que não há necessidade de retirar a mama, mas apenas o tumor, que, devido a quimioterapia, diminuiu de 7 para 3 centímetros.