Criadas antes de surgir a pandemia, as feiras noturnas de Bauru tiveram um "boom" em 2019 e nos primeiros meses de 2020, ganhando força, atraindo bom público e aquecendo a economia dos pequenos produtores do município. Com perfil diferente, elas se popularizaram e conquistaram a simpatia dos moradores. E a queridinha da população, de acordo com os feirantes, era a que ficava bem no coração no Parque Vitória Régia.
Um grupo organizado representando os feirantes reivindica o retorno imediato ao parque e cobra explicações da prefeita Suéllen Rosim sobre o motivo de tanta demora para solucionar o problema e a finalização da obra, uma vez que ela já fez mídia com a reinauguração do calçamento, sobre os novos bloquetes, há mais de um mês.
Iniciada no governo Clodoaldo Gazzetta, em agosto de 2020, a obra no centro de convivência era para ter sido feita em 60 dias. Porém, inacreditavelmente, se arrasta por quase um ano. Faltam alguns detalhes para ficar 100% pronta.
A reportagem conversou com três lideranças, Ailton Ricardo da Cruz, feirante há 6 anos no ramo de massas; Andrea Silva Oliveira, que produz suco natural há 7 anos; e Jamil Fidelis, que é de uma família tradicionalíssima de feirantes da cidade e trabalha com frutas selecionadas há mais de três décadas.
Segundo Andrea, os feirantes estão dispostos a arcar com o que falta da reforma para poder, enfim, deixar a alça de acesso, que não é o ideal, em frente ao prédio da USP. "Lá a rotatividade é baixa e quando chove forte a rua recebe enxurradas das avenidas de cima. Isso causa prejuízo para os feirantes, levando toda a mercadoria. Queremos voltar ao espaço que nos foi prometido e no qual já investimos", reclama.
O investimento que a comerciante cita é de que os feirantes se organizaram e, com dinheiro próprio, após a primeira edição da feira noturna do Vitória Régia, promoveram consertos nos banheiros e melhorias na fiação elétrica do local.
"Toda quarta-feira, das 16h às 21h, já estava sendo tradicional a feira do Vitória. Era um ambiente familiar, com cerca de 1.500 pessoas circulando e mais de 50 barracas. Gostoso para se passear e também rentabilizava melhor os feirantes. Queremos sair do local provisório e voltar para o nosso espaço. Dizem aqui entre os comerciantes que a prefeita já definiu que não iremos mais voltar para lá. Queremos uma definição, uma resposta, e rápido", acrescenta Ailton Cruz, do Alê Massas. O grupo ressalta que a ideia da reforma no parque, na gestão passada, surgiu em função do potencial da feira. Eles vão organizar um abaixo-assinado e pedem apoio dos vereadores sobre o tema.
Hoje os feirantes estão em diversos pontos da cidade, em dias e horários diferentes. Há um extenso cronograma no site da prefeitura e pode ser conferido no site www2.bauru.sp.gov.br/sagra/feiras.aspx. Estes comerciantes têm a responsabilidade de seguir protocolos. São eles cumprir horários de chegada e saída, limpar o local antes e depois da feira, não estacionar veículo de passeio ou trailer em feira feira em praça, além de seguir as orientações sanitárias anti-covid.
NÚMEROS
Conforme o JC noticiou no final de 2019, época em que aglomeração ainda era sinônimo de sucesso, o crescimento do número de feirantes em Bauru, no período de 10 anos, foi de expressivos 75%, com salto de 289 profissionais liberais registradas em 2009 para 507 em 2019. Os dados foram compartilhados naquele período pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Sagra).
RESPOSTA
A Prefeitura de Bauru informou que ainda há detalhes do projeto da revitalização que faltam ser concluídos, entre eles as passarelas laterais e o sistema de iluminação de led. Não há prazo para conclusão. E somente após a entrega da obra e análise dos técnicos da Secretaria de Obras sobre os impactos no piso recém-colocado vai analisar a possibilidade de retorno dos feirantes para a área central do parque. O assunto já vem sendo discutido amplamente com a Sagra e Secretaria de Obras.
A construção do novo piso começou em agosto do ano passado e foi executada pela empresa Engtech Construção e Serviços de Engenharia Eireli. O investimento foi de R$ 337.031,06, com recursos próprios da Prefeitura. A obra contemplou 1.817 metros quadrados de concreto, 866 metros quadrados de bloquetes vermelhos, 700 metros quadrados de bloquetes amarelos, e 400 metros lineares de miniguia, além de duas rampas de acessibilidade. Foi instalado um novo poste ornamental de oito metros de altura, solo-cimento e nivelamento com brita para compactação dos bloquetes. O DAE colocou quatro novos pontos de hidratação.