Uma funcionária terceirizada foi demitida por justa causa nesta quinta-feira (22), depois de vacinar quatro parentes contra a Covid-19 na Unidade de Saúde da Família (USF) da Vila São Paulo, em Bauru. Os familiares possuem entre 24 e 44 anos e não fazem parte do grupo prioritário descrito no Programa Nacional de Imunização (PNI). Portanto, não poderiam ter recebido as doses neste momento.
A USF da Vila São Paulo é gerida, por meio de convênio, pela Sorri Bauru, que confirmou a irregularidade e a demissão da colaboradora, assim como a Secretaria Municipal de Saúde, que foi comunicada sobre o caso. A mulher, inclusive, reconheceu aos seus superiores a falta grave cometida. Este é o primeiro caso de fraude na imunização contra a Covid-19 em Bauru que se tem conhecimento.
Conforme o JC apurou, a funcionária teria vacinado o filho, a nora, o marido e uma cunhada. Segundo a Sorri e a secretaria, um boletim de ocorrência (BO) será registrado e a mulher, que não teve a identidade e a formação profissional divulgadas, poderá responder até mesmo pela prática de crime.
A irregularidade foi percebida e confirmada durante a conferência da lista de pessoas vacinadas, controle que é feito diariamente por cada unidade de saúde. E, nesta relação de nomes, constavam dados de quatro moradores da cidade que não cumpriam os requisitos para receber as doses, posteriormente identificados como familiares de uma das funcionárias que aplicam a vacina.
'INADMISSÍVEL'
A Sorri classificou a falta como "inadmissível" e informou que as decisões foram tomadas considerando a gravidade do caso. A entidade ressaltou ainda que, graças a este controle rígido, foi possível identificar a fraude.
O secretário municipal de Saúde, Orlando Costa Dias, também lamentou o episódio, reforçando que a distribuição das doses e a lista de pessoas que foram imunizadas são permanentemente monitoradas, com dados, inclusive, enviados para o governo do Estado.
"Sabemos que a vacina, hoje, é como ouro líquido, então, não estamos imunes a desvios de conduta. A Sorri nos informou que isso aconteceu e esta funcionária terá de ser punida, até para que as pessoas saibam que este tipo de irregularidade jamais será tolerado. Desvio de vacina é algo muito grave", observa.
Ainda de acordo com Dias, após o episódio, todos os profissionais que atuam nas unidades de saúde que aplicam os imunizantes contra a Covid-19 serão novamente conscientizados sobre a necessidade de cumprir o cronograma previsto no PNI e no Programa Estadual de Imunização (PEI). No Estado de São Paulo, apenas pessoas com 64 anos ou mais podem receber as doses até este momento, além de trabalhadores da saúde, indígenas, quilombolas, forças de segurança e profissionais da educação a partir de 47 anos.