A Polícia Civil de Bauru instaurou inquérito para apurar a conduta da técnica de enfermagem que vacinou indevidamente contra a Covid-19, na Unidade de Saúde da Família (USF) da Vila São Paulo, quatro familiares que não fazem parte do grupo prioritário. A fraude foi revelada em primeira mão pelo Jornal da Cidade, na semana passada.
A profissional - contratada da Sorri-Bauru, que administra a unidade por meio de convênio com a prefeitura - foi demitida por justa causa e responderá inicialmente pelo crime de peculato, que prevê até 12 anos de reclusão. De acordo com a Polícia Civil, o relatório encaminhado pelo Executivo bauruense aponta que a irregularidade foi descoberta no dia 20 de abril, durante conferência da lista de pessoas vacinadas na unidade de saúde.
Os primeiros familiares, contudo, teriam sido vacinados em 8 de fevereiro. Foi nesta data que o marido, de 44 anos, e o filho, de 24 anos, teriam recebido a primeira dose da vacina da Oxford/AstraZeneca. O cunhado, de 35 anos, recebeu o mesmo imunizante em 2 de março. Já a nora da técnica de enfermagem, de 24 anos, acabou recebendo as duas doses da Coronavac, nos dias 18 de fevereiro e 11 de março.
Segundo a delegada Cássia Regina Viranda Canzian, responsável pelas investigações, o inquérito foi instaurado na última terça-feira (27) e, nos próximos dias, a coordenadora da USF e a funcionária que constatou a fraude devem ser ouvidas. Depois, a técnica de enfermagem também prestará depoimento.
"Por enquanto, não estamos apurando a conduta dos parentes ou até mesmo de outras dentro da unidade, mas esta investigação poderá ocorrer posteriormente", adianta. Procurado, o secretário municipal de Saúde, Orlando Costa Dias, informou que a decisão de aplicar ou não a segunda dose nos três familiares da técnica de enfermagem dependerá "do andamento do processo" e posterior manifestação da Justiça.