Oitiva foi solicitada após contradições apresentadas pelo acusado e laudos periciais nas vítimas
A Justiça de São José dos Campos (cerca de 530 quilômetros de Marília) acatou pedido do delegado Cláudio Anunciato Filho e autorizou nova oitiva do psicólogo Fabrício Buim Arena Belinato, de 36 anos, preso acusado dos assassinatos da amásia, a autônoma Cristiane Arena, de 34 anos, e da enteada, de 9 anos, em crime ocorrido em janeiro em Pompéia.
O pedido foi feito pelo delegado para sanar contradições entre o depoimento do acusado e os laudos periciais. O documento indica que Cristiane teve como causa da morte uma hemorragia causada por infiltração de sangue no pulmão, enquanto a criança foi assassinada por traumatismo craniano.
“O laudo pericial apontou que Cristiane foi alvejada com duas facadas nas costas, enquanto a criança foi morta com uma pancada na cabeça. Como existem essas divergências, vamos colher novo depoimento do acusado”, disse o delegado.
A juíza da unidade regional do Departamento Estadual de Execução Criminal, Sueli Zeraik de Oliveira Armani, deferiu a solicitação do delegado e determinou que o novo depoimento seja colhido na unidade prisional ou por videoconferência.
“Autorizou a oitiva presencial do sentenciado Fabrício Buim Arena Belinato na própria unidade prisional ou ainda através do sistema de videoconferência devendo a autoridade policial agendar previamente a data e o horário”, decidiu a magistrada.
Versão do acusado – Em depoimento prestado após sua prisão, Belinato teria alegado que matou a companheira em legítima defesa. “Ele afirma que a vítima teria investido contra ele com um canivete e por isso se armou com uma faca, e desferiu um golpe no tórax”, disse o delegado.
Já sobre a morte da criança, o psicólogo disse que ocorreu por asfixia mecânica com as mãos. “A criança começou a questionar sobre a mãe e isso estaria atrapalhando os planos de ambos. A irmã teria dado a ideia de também matá-la. O Fabrício acatou o pedido da adolescente e assassinou a menina com as mãos”, afirmou.
Caso – Os corpos da mãe e filha foram encontrados no final do mês de janeiro em uma residência em Pompéia. Uma adolescente, filha e irmã das vítimas, foi apreendida acusada de participação no crime.
“Encontramos o corpo da mãe na parte da frente da casa num local que havia sido concretado recentemente. Já o da criança, a adolescente indiciou a um dos nossos investigadores a localização exata”, disse.
Após o crime, Belinato fugiu e foi preso no dia 8 de fevereiro em Campo Grande (MS). “Ele fez um saque em Bataguassu e fizemos algumas diligências, mas ele havia fugido para a capital. Uma denúncia indicou que o acusado estaria trabalhando em uma obra, onde foi preso pela Guarda Civil”, finalizou.
Belinato, que está preso em cadeia da região, foi indiciado pelos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Somadas as penas podem ultrapassar os 60 anos de reclusão em regime fechado.