Eles só querem o básico. Ir e vir sem ter que desviar de móveis velhos e lixo orgânico nas ruas e avenidas, poder respirar sem fuligem de fogo em mato e não ter que se deparar com focos do mosquito da dengue. O Parque Val de Palmas tem crescido muito nos últimos seis anos em número de moradores. O asfalto chegou a algumas ruas, mas a falta de limpeza segue crônica há pelo menos duas décadas. Os moradores afirmam que as pessoas chegam ao bairro, vindas de outras localidades, despejando sujeira diariamente. Se queixam também que imobiliárias não cuidam de seus terrenos, que a prefeitura não limpa a rua de terra suja e que não providencia placas de proibido jogar lixo.
O problema mais acentuado tem ocorrido na alameda Natalício de Souza Castro, vicinal da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), a Bauru-Marília. Toneladas dos mais variados tipos de lixo tomam conta deste endereço, que também é utilizado para caminhada, corrida e ciclismo. Podas de árvores, restos de construção civil, móveis velhos, pneu com água parada e até animais mortos são encontrados. Há ainda as queimadas, que além de afetar o ar que se respira em dias de estiagem, também são responsáveis pela morte de pets.
Como é o caso da gatinha Ninha, que teve queimaduras graves nas patas e na cabeça tentando salvar do mato seus filhotes, no ano passado. Ela sobreviveu, ficou muito ferida, mas toda a ninhada morreu carbonizada no Val de Palmas.
Moradores do bairro vizinho, o Bauru 16, a viram pela rua, adotaram, castraram e cuidam dela até hoje.
Antônio Gonçalo Martins, 61 anos, acrescenta que as queimadas têm prejudicado bastante a família. "É difícil respirar, temos recém-nascido em casa", reclama.
"ABANDONADO"
Segundo Heloisa Pereira da Silva, 46 anos, profissional de serviços gerais que reside na rua João Agustinho dos Santos, há um descaso total. "Não aparece ninguém para limpar, nem na rua e nem nos terrenos. Aqui é um pedaço abandonado. E neste bairro temos a informação que está cheio de casos de dengue. Meu marido teve, inclusive", pontua.
Ainda, segundo ela, há pessoas caminhando diariamente no local, mas o cenário desanima. "Aqui é a frente da casa da gente. Pedimos para as pessoas não jogarem lixo aqui, por favor. Desagradável. E não é de hoje que temos este problema aqui", reitera.
CONSCIENTIZAÇÃO
Marcos Paulo dos Santos, 45 anos, funcionário público, reside há 37 anos no Val de Palmas. "Há coleta de lixo aqui no bairro dia sim, dia não. O erro maior aqui não é do Poder Público, mas sim do povo, que não se conscientiza. Como os moradores que jogam lixo aqui vão educar seus filhos? Complicado. Placas de aviso aqui ajudariam muito também, porque está muito feio.", disse o munícipe, acompanhado dos filhos Miguel e Hadassa, de 8 e 10 anos.
A aproximadamente um quilômetro de distância deste local há o Ecoponto do Bauru 16, na quadra 4 da rua Dulce Duarte Carrijo. Tempo estimado de chegada, em automóvel, é de 2 minutos. É possível destinar ao local pequenas quantidades de entulho, madeira, plástico, metal, vidro, papel, papelão, móveis e eletrodomésticos. Funciona de segunda a sábado das 7h às 19h, domingos e feriados das 8h às 16h.