Março de 2021 entrou para a história de Bauru como o mês mais letal de que se tem conhecimento. Dados do portal da Transparência do Registro Civil da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil) mostram que a cidade computou um total de 398 mortes no mês passado, o que representa quase o dobro da média de registros que era computada em meses anteriores desde o início deste milênio. Com o acréscimo, o número de óbitos automaticamente se aproximou mais do número de nascimentos no município, que fechou março com 437 registros. A Arpen atribui o impacto das mortes ao agravamento da pandemia.
Para efeitos de comparação, o JC traz um recorte com dados referentes aos óbitos e nascimentos registrados nos primeiros trimestres dos últimos 10 anos.
Vale pontuar que, em anos anteriores à pandemia, os meses de inverno, especialmente maio, junho e julho, costumavam contabilizar maior acumulado anual de mortes. Ainda assim, nenhum destes meses, em nenhum ano, desde 2003, registrou acumulado superior a 310 mortes, segundo a reportagem apurou junto ao portal da Transparência do Registro Civil.
Diretor da Regional de Bauru da Arpen, Alexandre Mateus de Oliveira diz ter ficado surpreso com o total de óbitos em março.
"Esse mês, em específico, nos assustou um pouco. Agora, esperamos abril terminar para avaliar se houve melhora. Os óbitos estão em uma crescente e com velocidade, mas não sabemos se ultrapassarão os nascimentos", comenta Alexandre, ressaltando, contudo, que esta não é uma realidade apenas de Bauru, mas do País.
No início de abril, as mortes superaram os nascimentos nas regiões Sul e sudeste do Brasil. O Rio de Janeiro, por exemplo, chegou a registrar número de óbitos 16% maior do que o de nascimentos, também em março.
"De maneira empírica, a gente percebe que tem vindo muito atestado de óbito com a causa Covid-19, chega a ser entre 30% a 40% do total de mortes registradas em Bauru. É um índice expressivo, proporcionalmente, considerando as variedades de causas que existem", considera Alexandre.
ACHATAMENTO?
Ele ressalta, contudo, que é preciso acompanhar por três meses os indicadores para entender se, de fato, há tendência de um possível achatamento da curva demográfica. "Acredito que iremos reverter esses números, até porque estamos avançando com a vacinação contra a Covid. O achatamento é algo que esperávamos para daqui uns 20 anos, traz um impacto econômico negativo em longo prazo", resume.
ESPERANÇA
A esperança, segundo Alexandre, está em outro fato curioso também observado nos números de março de 2021. Apesar das limitações impostas pelas medidas de restrição e sanitárias, o número de nascimentos também cresceu.
"Apesar do decréscimo nos dados demográficos, temos uma ponta de esperança. Até porque os nascimentos também cresceram um pouco, cerca de 7% a mais em março", observa Alexandre.
Ele ressalta que medidas que ampliem e melhorem o sistema público de Saúde também são essenciais para ajudar a controlar o aumento de mortes, assim como a conscientização da população.
SERVIÇO
Os dados completos das mortes e nascimentos ano a ano podem ser obtidos pelo http://transparencia.registrocivil.org.br