Uma gravidez completa dura cerca de 40 semanas, mas um parto entre a 38.ª e a 42.ª ainda é considerado dentro do prazo normal. Já quando um bebê nasce com 37 semanas ou antes disso, é classificado como prematuro. Para se ter uma ideia, no último trimestre, a Maternidade Santa Isabel, unidade estadual sob gestão Famesp, registrou uma média de 280 partos por mês. Desse total, 25% foram bebês prematuros.
Pensando nessas crianças, que nascem com peso inferior a 1,5 quilo, a equipe da unidade organizou uma programação especial intitulada "Prematuridade: cuidados na palma da mão" (leia mais ao lado), para integrar a campanha Março Lilás, também em alusão ao Dia Nacional de Atenção ao Cuidado do Bebê Prematuro, celebrado neste domingo (14).
"Olha o paciente gigante que nós estamos cuidando aqui", comenta a médica neonatologista Marina Cardoso, da Maternidade, sobre Cauê Henrique da Silva Laureano, nascido em 11 de dezembro de 2020, que precisou ser internado na UTI. Pesando 606 gramas e com 31 centímetros, o primeiro filho de Mikaela Thais da Silva Bernardo, 22 anos, nasceu na 24.ª semana de gestação.
A data prevista para o parto era 6 de abril, mas ela estava com dilatação suficiente para ter o bebê. Depois do nascimento, Cauê sofreu três paradas cardíacas e ainda passou por diálise, porque os órgãos não estavam bem desenvolvidos. Ele perdeu peso e chegou a ficar com 450 gramas. "No começo, foi bem difícil. Ele estava ligado a muitos aparelhos com bastante medicação e em um estado bem crítico. Estou esperando ele respirar sozinho e ganhar peso suficiente para ter alta e ir embora para casa. O quartinho dele já está pronto", comenta a mãe.
Diante de tantas batalhas vencidas, a médica adotou o termo "gigante" para se referir a Cauê, que, antes de sair da Maternidade, ainda precisará fazer uma cirurgia de hérnia. "Tenho que pensar positivo e sei que ele ficará cada vez mais forte. Ele é um milagre de Deus na minha vida", comemora Mikaela.
Após a alta, Cauê estará entre as mais de 300 crianças que seguem em acompanhamento pela equipe da Maternidade Santa Isabel no Ambulatório de Muito Baixo Peso, setor que funciona desde 2015.
CUIDADOS ESPECIAIS
Os bebês de partos prematuros passam semanas ou até meses internados em um dos 17 leitos de UTI Neonatal da Maternidade Santa Isabel, que é referência para 18 cidades da microrregião.
Mas os cuidados após a alta hospitalar são cruciais para a qualidade de vida da criança e para seu desenvolvimento, razão pela qual precisam manter o seguimento ambulatorial. O hospital acompanha, hoje, mais de 300 crianças de Bauru e região.
"É através do seguimento ambulatorial que se pode detectar precocemente as possíveis alterações no crescimento e desenvolvimento da criança e realizar as intervenções necessárias, melhorando o prognóstico e proporcionando ganhos na qualidade de vida", explica a médica Marina Cardoso. "O melhor acompanhamento desse grupo de pacientes, de forma supervisionada e interdisciplinar, garantirá menores taxas de reospitalização e de índices de infecção nos primeiros anos de vida e melhores taxas de crescimento e neurodesenvolvimento", destaca.
IMPACTOS DA PANDEMIA
Contudo, devido à pandemia, o Ambulatório de Muito Baixo Peso registrou um percentual de 39% no número de faltas às consultas e atendimentos em 2020, enquanto que, no ano anterior, este percentual ficou em 23%. "Com a pandemia, notamos que o número de abstenções aumentou. E, nesses casos, entramos em contato com as famílias para reagendar a consulta o mais breve possível para não prejudicar o seguimento desse bebê", ressalta Cardoso.
O acompanhamento não deve ser interrompido, pois pode acarretar problemas de saúde para a criança. E o assessor administrativo da Maternidade Santa Isabel, Robson Braguetto, enfatiza que o ambulatório segue os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde para realização dos atendimentos.