Em meio a um cenário de sobrecarga dos profissionais de saúde e dificuldade para preencher as escalas dos plantões, a Prefeitura de Bauru está contratando médicos em várias especialidades, recentemente aprovados em concurso público. Porém, das 21 vagas oferecidas, apenas nove foram preenchidas até o momento.
Assim como ocorre com as contratações via Fundação Estatal Regional de Saúde da Região de Bauru (Fersb), a admissão destes profissionais por concurso público esbarra na falta de interesse de parte deles em assumir as funções no período noturno e aos finais de semana. A remuneração oferecida para estes cargos efetivos do quadro da prefeitura é de R$ 4.539,00 por 15 horas semanais de trabalho.
Ao todo, são 16 vagas de clínica médica para serviços como o Samu, Pronto-Socorro Central (PSC), UPA Mary Dota e UBS do Núcleo Geisel. Esta última passou a funcionar das 7h à meia-noite como unidade de referência para pacientes com sintomas leves a moderados de Covid-19, porém, ficou sem médicos neste sábado (3), a partir das 19h (leia mais abaixo).
APENAS NOVE
O concurso também contempla mais quatro vagas para pediatras e uma para ginecologista/obstetra. Mas, segundo a diretora do Departamento de Unidades Ambulatoriais da Secretaria Municipal de Saúde, Lucila Bacci, apenas sete clínicos e dois pediatras assumiram os postos até agora.
"Não é fácil conseguir colocar os 100% e a Covid-19 só intensificou esta dificuldade. Muitos profissionais não aceitam pegar plantões aos sábados, domingos e feriados, assim como no período noturno. E, na rede ambulatorial, eles têm preferência pelo período da manhã, para reservarem o período da tarde para atendimento em consultório particular", observa.
De acordo com ela, o número de vagas disponibilizadas é elevado porque a prefeitura estava sem realizar concursos para contratação de médicos há mais de um ano. O último processo, que havia sido aberto em março, foi suspenso em razão da pandemia e retomado somente em janeiro deste ano, sendo efetivamente concluído agora.
"Antes da pandemia, já chegamos a fazer de três a quatro concursos em um mesmo ano, mas com um número menor de vagas. Todos estes 21 cargos são para reposição de profissionais, que se aposentaram ou pediram exoneração, e não para expansão dos serviços", detalha, salientando que a pandemia, por mais que tenha representado sobrecarga de trabalho às equipes de saúde, não resultou em aumento de pedidos de desligamento da rede municipal.
REPOSIÇÃO
Se forem preenchidas, as 21 vagas, contudo, não serão suficientes para repor todo o quadro de médicos da prefeitura. De acordo com Lucila, a Secretaria Municipal de Saúde ainda aguarda o aceno da Secretaria Municipal de Finanças sobre a disponibilidade de recursos para contratar mais 13 profissionais de clínica médica, também já aprovados em concurso.
Ainda em caráter de reposição de quadro, a prefeitura também abrirá inscrições no dia 27 de julho do concurso público que visa contratar um psiquiatra, um pneumologista e mais um ginecologista. Os editais podem ser acessados em www.bauru.sp.gov.br/administracao/concursos.
Vale lembrar que, como outra estratégia para tentar garantir escalas de plantões completas, a Prefeitura de Bauru aumentou a remuneração dos médicos que trabalham nas UPAs Bela Vista, Ipiranga e Geisel/Redentor, contratados via Fersb. Conforme o JC divulgou, o reajuste foi de R$ 1.500,00 para R$ 1.725,00 por plantões de 12 horas realizados aos sábados, domingos, segundas-feiras e feriados.
Referência para atendimento de casos suspeitos de Covid-19 com sintomas leves a moderados, a UBS do Núcleo Geisel passou a funcionar, desde o dia 14 de junho, das 7h até meia-noite, porém, a prefeitura tem enfrentado dificuldades para o preenchimento das escalas no período noturno. Trata-se de um desacerto que chegou a uma situação limite no último sábado (3), quando a unidade - que deveria ter, no mínimo, dois médicos por plantão - ficou sem nenhum profissional da área das 19h a 0h, mesmo com pedido de apoio feito à Fersb.
Com isso, segundo Lucila Bacci, diretora do Departamento de Unidades Ambulatoriais, coube à equipe de enfermagem fazer o acolhimento e atendimento dos pacientes. "Todos os casos foram triados, foram realizados exames de RT-PCR e os pacientes foram orientados a retornar no domingo de manhã", detalha, reforçando que a UBS não é unidade de urgência.
"Mas, se aparecesse alguém que precisasse de um atendimento mais emergencial, o Samu e as UPAs estavam preparados para prestar este serviço", acrescenta. A diretora explica que, nestas três primeiras semanas de funcionamento, a UBS chegou a ficar sem médicos no período noturno em outras ocasiões, mas não por cinco horas consecutivas, como ocorreu no sábado. "Aconteceu de ficar uma a duas horas sem médico. Dependemos muito da disponibilidade destes profissionais. A contratação que estamos fazendo também visa sanar este problema e garantir o preenchimento das escalas desta unidade", completa.