"É desesperador não ter água para limpar as feridas do filho com câncer". A reclamação é de um dos 25 moradores que pedem por ajuda, devido às necessidades que passam dentro de casa, com a falta de água constante. São sete famílias que residem no interior do Horto Florestal de Bauru, sendo servidores do Estado com seus respectivos familiares. O local é uma área protegida com função ecológica, estética e de lazer. É dividido em uma área interna, de preservação, e a externa, de visitação, porém, fechada desde o ano passado devido à pandemia. O Horto é sede da base dos servidores estaduais e abriga também um prédio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) e seus funcionários.
Segundo Eliane Aparecida Mendonça da Silva, servidora do Estado que reside no Horto há 27 anos, em dezembro de 2019 a bomba da caixa d'água do Horto queimou. "O DAE veio aqui, retirou o material quebrado e até hoje ninguém solucionou o problema. Faz mais de um ano que estamos dependendo de caminhão-pipa para abastecer a gente. E eles só vêm de segunda e sexta. Quando questionamos uma solução definitiva, há um empurra-empurra entre Estado e Município", reclama.
Ela reforça que o motivo deste imbróglio desde 2019 é que o Horto, originalmente do Estado, teve sua administração transferida para a Prefeitura de Bauru. A água, que já é escassa, segundo eles, é dividida entre os moradores e os servidores da Semma, que também confirmaram o problema. A alternativa é tomar banho de canequinha, quando dá.
CÂNCER
Odair José Santana, outro servidor que mora na área há 26 anos, revela a dificuldade de cuidar do filho com falta de água. "O Diego (22 anos) tem câncer no testículo e fica acamado. Preciso dar banho com frequência, trocar curativo, passar pomada. E não tem água. As feridas começam a cheirar mal, a gente tem que correr e carregar ele para outro lugar só para tomar banho. Triste", comenta o morador, relatando que a situação para a família é desesperadora.
DEFICIÊNCIA
Já para Sirlene de Castro Franco, 20 anos residindo no Horto, a preocupação é com filho deficiente. "O Douglas teve sequelas de meningite quando era criança, é cadeirante, não fala e se suja com frequência. E essa é a nossa dificuldade. Já é difícil lidar com tudo isso, imagina sem água?", comenta.
ROUPA SUJA
Evonete Clemente trabalha na área da Saúde e precisa se desdobrar para ter uniforme limpo. "Eu preciso higienizar a roupa do meu serviço e tem vezes que deixamos de fazer outras coisas só para manter a roupa limpa", reclama a moradora, esposa de outro servidor.
Em nota, a Prefeitura comunica que está comprando o material necessário para a ligação das casas existentes no Horto Florestal a rede de água do DAE, o que deverá acontecer em março.
A Secretaria do Meio Ambiente aumentou a distribuição semanal de água de 30 mil litros para 45 mil litros, com entregas nas segundas, quartas e sextas-feiras.