Um estudo elaborado pelo Instituto Adolfo Lutz detectou que as variantes P.1 (de Manaus) e P.2 (descoberta no Rio de Janeiro) do novo coronavírus são predominantes na região de Bauru, nos 68 municípios abrangidos pelo Departamento Regional de Saúde (DRS-6). De acordo com o levantamento, concluído nesta terça-feira (27), a linhagem amazonense corresponde a 40,51% das amostras avaliadas na região. O índice foi idêntico para a P.2.
Em circulação no território paulista desde dezembro do ano passado, a P.1 é considerada pelas autoridades sanitárias uma das "variantes de atenção", devido à possibilidade de maior transmissibilidade ou gravidade da infecção por Covid-19.
Já a P.2 surgiu no último bimestre de 2020 é uma "variante de interesse", que não sugere alterações significativas no comportamento da pandemia. A P.1 e a P.2 são linhagens originadas de mutações sofridas por outra cepa, a B.1.1.28, também identificada em 16,46% das amostras sequenciadas pelo Adolfo Lutz.
O estudo mostrou, ainda, a presença das variantes B.1.1.7 (inglesa) e N.9, sendo que esta última é uma linhagem derivada da B.1.1.33, que era uma das que predominavam no Estado até o ano passado. No levantamento, a variante inglesa e a N.9 corresponderam, cada uma, a 1,27% das sequências genéticas analisadas na região de Bauru.
AVANÇO DA P.1
No total, o "Monitoramento das linhagens do SARS-CoV-2 nas Regiões de Saúde do Estado de São Paulo" avaliou 1.439 sequenciamentos genéticos do coronavírus realizados pelo Lutz e por outras instituições de referência, a partir de amostras coletadas de pacientes infectados. O trabalho identificou 21 linhagens diferentes no território paulista, com prevalência da P.1 de Manaus em 90% das amostras.
O estudo, aliás, mostrou uma evolução desta variante no decorrer dos três primeiros meses deste ano. Em janeiro, ela representava 20% dos sequenciamentos, aumentando para 40% em fevereiro e 80% em março.
"O aumento dos casos, internações e óbitos especialmente no primeiro trimestre deste ano pode estar relacionado à maior circulação desta variante de atenção. Nossas equipes seguem analisando em múltiplas frentes este vírus, contribuindo com a Ciência e com as ações de combate à Covid-19", explica a coordenadora de Controle de Doenças, Regiane de Paula.
Hoje, a P.1 está presente nos 17 DRS do Estado, sendo predominante na maioria das regiões, com exceção de Marília, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, onde a P.2 é mais evidente. E Bauru é a única região em que a prevalência das duas linhagens se equipara.
EFICÁCIA DA VACINA
Além da P.1, atualmente, mais duas cepas são consideradas "variantes de atenção" pelas autoridades sanitárias nacionais e internacionais: a B.1.1.7 (inglesa) e a B.1.351 (originária da África do Sul). O panorama do Lutz indica que as duas primeiras circulam mais efetivamente em São Paulo.
Além de poderem ser mais transmissíveis e terem maior capacidade para desencadear manifestações graves da Covid-19, estas "variantes de atenção" preocupam por terem algumas características que podem fazê-las mais resistentes às vacinas, conforme detalha Adriano Abbud, diretor do Centro de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz.
"É o caso, por exemplo, da variante da África do Sul, a B.1.3.5.1, para a qual a vacina da Oxford/Astrazeneca não é tão eficaz. Já as variantes brasileira e inglesa se mostraram mais transmissíveis, ou seja, se espalham mais rápido", descreve.
No estudo, não foram detectadas amostras da variante da África do Sul em nenhuma das regiões do Estado. Já em relação à cepa inglesa, a presença não foi identificada em Araçatuba, Presidente Prudente, Registro, São João da Boa Vista e São José do Rio Preto.