Recentemente, a Polícia Federal deflagrou em Várzea Grande, cidade próxima a Cuiabá (MT), Uberlândia (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a Operação Perfídia, com o objetivo de combater o tráfico de pessoas para exploração sexual na Europa. A operação visou elucidar um esquema de tráfico de pessoas que envolvia o aliciamento de mulheres, principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina. O tráfico de mulheres está relacionado diretamente ao turismo sexual. Uma vez nas mãos destes aliciadores, as brasileiras são oferecidas como produtos para o entretenimento de estrangeiros.
É crucial destacar que o turismo sexual é um tema frequentemente invisível e de difícil mensuração. Os dados disponíveis costumam ser subestimados, refletindo uma realidade bem mais severa do que se imagina. É amplamente aceito que o turismo sexual representa um "negócio" altamente lucrativo, ocupando a terceira posição entre os crimes mais rentáveis globalmente, atrás apenas do tráfico de drogas e armas. A grande maioria das vítimas desse suposto negócio empreendedor do turismo, são mulheres e meninas, muitas enganadas com promessas de fama, se tornarem influenciadoras famosas, ricas e uma vida melhor no exterior.
Em uma ação que envolveu a Polícia Federal, as polícias da Espanha, França e a Europol, 10 mulheres - a maioria da América do Sul e do Brasil - foram resgatadas de um cativeiro, que ficava num condomínio espanhol. Atraídas para a Europa com a promessa de participarem de desfile de modas, lives e até como capas de revistas de beleza, as vítimas acabaram tendo seus passaportes detidos pela quadrilha e, para não perderem suas vidas, se tornaram garotas de programas da rota do turismo sexual.
A principal dificuldade no combate a esse tipo de crime é a ausência de políticas publicas eficazes e a elevada impunidade que sustenta esse pomposo e gordo mercado. Muitas vezes, o turismo sexual está associado a políticos e empresários influentes que lucram com esse “empreendimento”, mantendo redes de conexão em vários países. O Brasil é um dos países com alta incidência desse tipo de “negócio empreendedor” com números especialmente elevados no Norte e Nordeste. Existem redes tanto internas, que operam entre diferentes estados, quanto externas, que conectam o Brasil a países na Europa, Estados Unidos e Oriente Médio.
O turismo sexual é o exemplo de uma das formas mais extremas de violência contra mulheres. Nesse contexto, as mulheres são tratadas como mercadorias, e os “empreendedores” se sentem autorizados a estragas suas vidas visando apenas o lucro e poder. As vítimas, muitas vezes em situação de vulnerabilidade, eram atraídas com propostas de emprego na Europa. Ao chegar na Europa, eram recebidas por motoristas que, ao invés de levá-las para o local de trabalho prometido, as conduzia a apartamentos, onde ficavam amontoadas com outras mulheres.
Casos de turismo sexual e tráfico de mulheres para a prostituição internacional devem ser denunciados, imediatamente. Denuncie no disque 100 ou através do Comunica Polícia Federal: https://www.gov.br/pf/pt-br/canais_atendimento/comunicacao-de-crimes