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25/07/2021

'Olimpíadas, o auge da minha carreira'

O bauruense Décio Patelli Junior foi responsável por consagrar o nome de Bauru e do Brasil na arbitragem de partidas do polo aquático em território nacional e internacional. Isso porque, durante seus 30 anos de carreira na modalidade, ele, que é também empresário do ramo imobiliário, apitou incontáveis partidas e competições de polo. E a prova da excelência nessa trajetória é que Décio integrou o time de juízes de três edições dos Jogos Olímpicos: Barcelona, em 1992; Atenas, em 2004; e Pequim, em 2008.

Aposentado das laterais das piscinas desde 2009, atualmente, aos 67 anos, Patelli continua próximo do esporte como presidente do Comitê Técnico de Arbitragem (CTA) da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e ainda visa chegar ao TWPC (sigla do comitê técnico de arbitragem internacional) em breve.

O pai da Renata, Brunna e Manuela, e agora avô da Iolanda, que nasceu no último dia 16, narrou com riqueza de detalhes os momentos mais importantes da carreira como árbitro. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Jornal da Cidade - De onde veio a vontade de ser árbitro?

Décio Patelli Junior - Comecei a treinar na equipe de polo do BTC (Bauru Tênis Clube) com 12 anos e fui atleta durante 18 anos. Como o polo aquático é um esporte muito viril, até mesmo as 'peladas' exigem um árbitro e às vezes eu apitava. Com 23 anos, fiz o curso de árbitro e, aos 25, comecei a apitar jogos estudantis. Depois, fui crescendo, chegando aos estaduais, aos nacionais pela CBDA, aos internacionais pela Fina (Federação Internacional de Natação) e, finalmente, aos Jogos Olímpicos, que são o sonho de qualquer pessoa envolvida com qualquer esporte.

JC - Qual a sensação de ser chamado para uma Olimpíada?

Patelli - Demorei 15 anos para chegar aos Jogos Olímpicos, até participar da edição de Barcelona, em 1992. Estar na Olimpíada traz uma sensação de plenitude muito grande. Senti que estava no auge da minha carreira. Também apitei as edições de Atenas, em 2004, e Pequim, em 2008. Como o Brasil não disputou nenhuma das edições que participei, fui como árbitro neutro e representei a cidade e o País.

JC - E quantos torneios internacionais já apitou?

Patelli - Em 14 campeonatos mundiais, sendo que nas edições de Fukuoka, em 2001, e Montreal, em 2005, tive a oportunidade de apitar a medalha de bronze; em cinco Super Finais de Liga Mundial Masculina, sendo duas partidas valendo o bronze em Atenas, em 2006, e Gênova, em 2008; três medalhas em Ligas Mundiais, em Atenas, Gênova e Berlim; vários Jogos Pan-Americanos e Sul-Americanos também. Foram 125 viagens internacionais para apitar partidas de polo aquático. Pude os cinco continentes do mundo.

JC - Alguma história curiosa?

Patelli - Uma vez tentaram me tirar da arbitragem de um jogo da seleção da Itália porque, por conta do meu sobrenome, Patelli, pensaram que eu fosse italiano. Mas falei que era brasileiro e deu tudo certo (risos). Também já aconteceu de me chamarem para apitar um jogo de última hora porque avaliaram que seria um jogo disputado, e eu era 'conhecido' nessas competições internacionais por apitar partidas mais difíceis, com lances complexos.

JC - Hoje está aposentado?

Patelli - Da arbitragem, sim. O último jogo que apitei oficialmente foi em 2009. Parei após 30 anos, porque senti que já tinha fechado o ciclo, dado minha contribuição para o esporte nessa área. Mas continuo envolvido com o polo aquático, já que sou presidente do CTA. Nos últimos dois anos, organizei o órgão para deixá-lo imparcial e eficiente. Agora, minha meta é, nos próximos anos, chegar ao TWPC e fazer parte das decisões que envolvam a arbitragem do esporte no mundo inteiro. Torça por mim (risos).

JC - Qual foi seu diferencial como árbitro?

Patelli - Polo aquático é o segundo esporte olímpico mais difícil para a arbitragem, só perde para a ginástica. Isso porque o atleta fica inteiro dentro da água, o que limita a visão do árbitro. Além disso, o esporte tem 150 regras. Eu sempre fui muito ligado aos detalhes e, assim, conseguia tomar decisões com segurança. Talvez isso tenha me destacado e sido meu diferencial.

JC - Algum ídolo na profissão?

Patelli - Eugeni Asencio, um árbitro espanhol. Ele é o Pelé da arbitragem de polo aquático. Tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com ele na Olimpíada de Barcelona. Também destaco o maior formador de atletas de polo de Bauru, Luiz Fernando Lapo. Ele também é um exímio treinador do esporte. Nos conhecemos na escola, treinamos juntos no BTC e temos uma amizade de mais de 50 anos.

JC - E suas filhas? Também gostam de polo?

Patelli - Só minha filha mais velha, Renata, de 36 anos, que chegou a jogar um pouco. Mas, depois, parou e fez faculdade de arquitetura. Ela e minha filha do meio, Brunna, de 35 anos, que é fisioterapeuta, foram mesárias em partidas pela FAP (Federação Paulista de Polo Aquático), mas pararam. Minha filha mais nova, Manuela, de 16 anos, por enquanto, não se envolveu.

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Fonte: JC Net
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