A Medex de Marília, unidade responsável pelo fornecimento de medicamentos de alto custo, tornou-se sinônimo de sofrimento para os pacientes que dependem do serviço. Filas intermináveis, atendimento precário e falta de estrutura fazem parte da rotina de centenas de pessoas que aguardam por remédios essenciais, muitas vezes sem sucesso.
Em cidades mais desenvolvidas, sistemas modernos permitem que os pacientes agendem a retirada dos medicamentos por meio de aplicativos, reduzindo o tempo de espera para menos de 30 minutos. No entanto, em Marília, a realidade é completamente diferente. Pacientes chegam à unidade às 5h da manhã para garantir um atendimento que pode levar mais de 10 horas. Muitos idosos precisam levar banquinhos para suportar o tempo de espera.
Casos absurdos são relatados diariamente. Uma idosa esperou mais de 3 horas para, no final, ser informada de que sua medicação estava em falta. Recentemente, uma paciente relatou ter chegado às 10h28 e recebido a senha 236. Quando finalmente foi chamada, já eram 18h. Enquanto isso, outros pacientes aguardavam desde as 7h da manhã, sem acesso a cadeiras, abrigo adequado ou qualquer suporte.
A situação tem gerado grande revolta nas redes sociais. Alguns relatos mostram o desespero de quem enfrenta essa realidade:
Adriana Bezerra: "Quinta passada eu fui e cheguei às 6h, fui a número 30 e estava em casa às 9h da manhã. Eu não achei que demorou tanto."
Maria Aparecida Duarte: "No mínimo 3 horas de espera."
Diego Ana Galceron: "Eu mesmo tenho receita de dois remédios que preciso, mas como faz? É um desrespeito com a população isso daí."
Andrea Silva Ferreira: "Isso é assim direto, e pior, a fila não acaba. Esses dias fui buscar o remédio do meu marido e do meu filho, tinha mais de 40 pessoas na minha frente. E tem dias que as atendentes estão de mau humor, aí é bem pior."
Jessica Aparecida Pestana Cardoso: "Quando vou pegar injeção da minha filha, chego na fila 5h40 da manhã e já sou a senha
20."
Além da demora, a Medex de Marília sofre com a falta de estrutura e profissionais. Em vários momentos do dia, apenas um funcionário é responsável pelo atendimento de centenas de pessoas. Muitos pacientes passam o dia sem comer, sem água e sem nenhuma previsão de quando serão atendidos.
Outro problema grave é a falta recorrente de medicamentos essenciais, que deveriam ser garantidos pelo Estado. Doentes crônicos e pacientes em tratamento para doenças graves frequentemente saem da unidade de mãos vazias, obrigados a recorrer à Justiça ou comprar remédios caros por conta própria.
O cenário caótico já levou à presença da polícia no local. A revolta cresce e os relatos de pacientes indignados se multiplicam nas redes sociais. Apesar das inúmeras denúncias e promessas de melhorias, a situação permanece a mesma.
A Medex de Marília é um programa estadual de distribuição de medicamentos de alto custo, gerenciado pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, sob comando do secretário estadual da Saúde, Dr. Eleuses Paiva. A unidade local está sob responsabilidade do Departamento Regional de Saúde IX (DRS-IX) e também recebe recursos do Ministério da Saúde.
O programa atende cerca de 300 pessoas por dia e abastece não apenas Marília, mas outros 36 municípios da região, beneficiando cerca de 15 mil pacientes mensalmente. Essa alta demanda, somada à falta de gestão eficiente, contribui para a sobrecarga e o colapso do atendimento.
É importante destacar que os pacientes que precisam de medicamentos de alto custo recorrem à Medex (administrada pelo governo estadual), enquanto os que necessitam de medicamentos básicos devem buscar atendimento em uma das cinco farmácias municipais geridas pela Prefeitura de Marília.
Diante do caos instaurado, os pacientes e suas famílias cobram medidas urgentes do governo estadual e da Prefeitura de Marília. A instalação de um sistema de agendamento, a ampliação do quadro de funcionários e o reforço no abastecimento de medicamentos são algumas das ações imediatas necessárias para garantir um atendimento digno.
Até quando os cidadãos terão que implorar por um direito básico? Quantas pessoas precisarão sofrer – ou até morrer – esperando por um remédio que deveria estar disponível? A Medex de Marília precisa de uma solução agora!