O Caoim (Centro de Atendimento à Obesidade Infantil de Marília), normalmente, oferecia atividades em grupo, com acompanhamento semanal durante um semestre. A pandemia não interferiu na capacidade do serviço, mas a necessidade de atendimento individual espaçou o acompanhamento presencial para uma vez ao mês.
Porém, diante do desafio de controle e redução de peso, a inscrição da maior parte das crianças atendidas extrapolou o período de um semestre, sendo necessário estender o trabalho por mais tempo para ajudar a reverter o quadro de obesidade.
“Todo semestre fazemos a matrícula de novos alunos, mas eles ficam no serviço até obterem perda de peso. Não existe um tempo máximo, e a necessidade, com a pandemia, aumentou”, disse a médica generalista responsável pelo Caoim, Camila Martins Paredes.
O Caoim oferece equipe multidisciplinar, médico, nutricionista, enfermeira, psicólogo, educador físico e fisioterapia, com capacidade para 120 matriculados.
“Identificamos um aumento da obesidade em quantidade e intensidade. Temos uma criança de dez anos, por exemplo, com um IMC 34 (Índice de Massa Corpórea), que já é alto para os adultos. O normal, na altura e idade dela, seria um IMC entre 13 e 20”, mencionou a médica.
Em adultos, o IMC normal é 25, tanto para homens quanto em mulheres. Já as crianças seguem uma tabela que considera principalmente altura e idade. O critério para participar do Caoim (atendimento público) é ter seis a 17 anos e estar na faixa de obesidade. As crianças e adolescentes com sobrepeso precisam contar com a ajuda do serviço de nutrição da rede básica.
“Temos lidado com um maior número de crianças obesas e em níveis mais elevados, chegando a índices preocupantes mesmo em adultos. Com isso, tivemos que manter a maior parte das crianças por mais de um semestre”, mencionou a médica e a enfermeira do Caoim, Magda Rodrigues Azevedo.
A enfermeira salientou que essa extensão de acompanhamento das crianças teve como base não apenas a dificuldade no emagrecimento, mas a continuidade das alterações nos exames e a dificuldade na mudança de hábitos, o que tem sido um desafio maior na pandemia.
As mudanças na própria dinâmica familiar influenciaram no comportamento infantil. Além da falta de escola e de socialização. O Caoim associa o agravo da obesidade infantil diretamente à pandemia.
Sem rotina, sedentárias, ansiosas, passando muito mais tempo em frente às telas e dentro de casa. As crianças encontraram novos obstáculos para a disciplina alimentar e a incorporação de hábitos saudáveis.
Alterações de glicemia em até 60% dos atendidos
Um dos riscos da obesidade infantil é o diabetes e o Caoim já identificou a complicação. Antes da pandemia, a maioria das crianças atendidas não era pré-diabética e hoje, as alterações de glicemia estão presentes nos exames de aproximadamente 60% delas. “Justamente pelas mudanças no estilo de vida”, destacaram as profissionais do serviço.
Fonte: Jornal da manhã