Pela primeira vez desde o início da pandemia em Bauru, a maioria das mortes por Covid-19 em um mês foi de pessoas com menos de 60 anos. A inversão das estatísticas ocorreu em junho, encerrado nesta quarta-feira (30), pouco mais de cinco meses após o início da campanha de vacinação contra o novo coronavírus e em um cenário de circulação de variantes consideradas mais transmissíveis ou agressivas. Já a quantidade de novos casos dos últimos 30 dias superou em 2,3 mil registros o recorde anterior (leia mais abaixo).
Segundo levantamento elaborado pelo JC, com base nos boletins epidemiológicos divulgados diariamente pela prefeitura, junho registrou 170 mortes por Covid-19, sendo que 55,29% das vítimas (94 pessoas) tinham menos de 60 anos. No mês passado, o índice chegou quase à metade: 49,24% de um total de 132 vítimas.
EM JANEIRO
Para se ter ideia da mudança, em janeiro, quando o processo de vacinação ainda era incipiente, abrangendo apenas profissionais de saúde, 12,74% dos moradores que perderam a vida para o novo coronavírus tinham entre 0 e 59 anos. Em contrapartida, naquele mês, 70,91% dos mortos possuíam 70 anos ou mais. Já em junho, esta faixa etária correspondeu a 27,65% do total de óbitos.
Vale lembrar que moradores de Bauru a partir de 70 anos foram vacinados em março e os de 60 anos ou mais, em sua maioria, em abril. Após a imunização de pessoas com comorbidades, indivíduos a partir de 50 anos e, depois, a partir de 40, só passaram a receber as doses em junho.
Apesar do avanço da campanha, a circulação de variantes consideradas "de atenção" pelas autoridades sanitárias, como é o caso da cepa de Manaus (P.1), vem sendo atrelada à maior transmissibilidade ou gravidade da infecção por Covid-19. E, em estudo divulgado no final de abril, esta linhagem amazonense correspondia a 40,51% das amostras analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz na região de Bauru, conforme o JC noticiou.
AGRESSIVIDADE
A maior agressividade das variantes presentes na cidade, associada à diminuição das medidas restritivas para conter a taxa contato entre as pessoas, está refletida nos números.
A partir de março deste ano, houve um salto trágico de óbitos, com número de casos também batendo recordes. Neste mês de junho, por exemplo, o total foi de 170 mortes, seis a menos do que o maior registro de toda a pandemia, de 176 óbitos, contabilizados em abril deste ano (confira os números mensais da letalidade no quadro acima).
Assim, além do aumento proporcional de mortes de moradores com menos de 60 anos, os números absolutos de vítimas nesta faixa etária também dispararam. Em junho, foram 94 óbitos de pessoas com este perfil, ante a sete registrados em janeiro e 11 em fevereiro. Em maio, a quantidade já era de 65 vítimas.
A expectativa é de que, com o andamento do processo de vacinação e se nenhuma variante resistente aos imunizantes disponíveis surgir, o número de casos e mortes por Covid possa, enfim, começar a cair de forma consistente em Bauru. Até esta quarta-feira, considerando que aproximadamente 300 mil moradores integram a população com 18 anos ou mais, público-alvo inicial da campanha, cerca de 57% recebeu a primeira dose (172,9 mil pessoas) e 20% completou o esquema vacinal (60 mil), de duas doses.
JuRehder
Junho terminou nesta quarta-feira deixando mais uma triste marca para Bauru: estes 30 dias superaram o número de novos casos mensais de Covid-19 de toda a pandemia. Foram 2.312 confirmações da doença a mais do que maio passado, que, até então, registrava o recorde mensal de notificações na cidade.
O montante de 7.740 casos da doença em junho foi atingido com a confirmação de mais 228 registros nesta quarta, segundo boletim epidemiológico da prefeitura. Também consta no informe que mais sete moradores morreram em decorrência do novo coronavírus, totalizando 1.057 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia, sendo 170 no mês de junho.
Entre as vítimas fatais mais recentes, estão seis homens com idades entre 39 e 78 anos e uma mulher de 88 anos. As mortes ocorreram entre os dias 27 e 30 de junho e, das sete vítimas, apenas dois homens, ambos com 52 anos, não possuíam comorbidades.
TOTAL E CURADOS
Até esta quarta, já foram contabilizados 51.335 casos positivos da doença, sendo que 45.150 moradores são considerados curados. Nesta data, 18 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 aguardavam nas unidades de urgência e emergência do município por leito de internação hospitalar, sendo cinco vagas de UTI e 13 de enfermaria. Outros 13 pacientes estavam em tratamento no PAC/PSC. As UTIs do Hospital Estadual e do Hospital das Clínicas (HC) estavam com 101% de ocupação.