Diante da dificuldade em encontrar soluções definitivas para os problemas de fornecimento de água nas regiões abastecidas pelo Rio Batalha, em Bauru, a perfuração de poços profundos surge como uma medida significativa para reduzir e, até, evitar um dos piores efeitos causados à população: o rodízio de água.
Dois destes projetos do Departamento de Água e Esgoto (DAE), de Bauru, devem aumentar em cerca de 15% a água do sistema Batalha, o que pode significar adiar o início do rodízio ou minimizar os períodos sem fornecimento. Um será perfurado próximo a Praça Portugal e outro na Vila Alto Paraíso (região da Falcão).
Como exemplo do impacto dos dois poços, se eles já estivessem produzindo, provavelmente, o rodízio deste ano não teria iniciado no mês de abril. Isso porque, de acordo com o diretor da Divisão de Produção e Reservação do DAE, Heber Soares Vieira, pelo procedimento habitual, antes de iniciar um período de rodízio é feita a redução da vazão do Batalha, geralmente em 15%, para manter o nível adequado da lagoa.
O fornecimento dos dois poços compensaria esse volume na rede, adiando a necessidade de início do rodízio. "Eu teria reduzido antes a vazão e entraria com os poços e conseguiria manter o nível da lagoa", explicou o diretor.
Mesmo considerando que o nível do rio esteja ainda mais baixo e que o rodízio não possa ser adiado, seu período de duração pode ser menor para cada região. "Como teria esse acréscimo de produção, eu poderia, por exemplo, antecipar o fornecimento de uma região. O impacto para a população seria menor", avalia o técnico.
Pelo projeto que será licitado, o poço da Praça Portugal deve ter profundidade de 320 metros e capacidade de vazão de 180 m³/h (metros cúbicos por hora), o que equivale a 50 litros por segundo. Considerando que a vazão do Batalha é de 550 litros por segundo, apenas este poço representará cerca de 9% do volume total.
No caso da Praça Portugal, o processo de licitação está em fase de recurso após a abertura das propostas de habilitação para obra. Posteriormente, será feita a abertura das propostas comerciais, que definirão o valor. O DAE estima que a obra fique em cerca de R$ 1,4 milhão. O equipamento de bombeamento será fornecido pelo DAE. A estimativa é que as obras comecem no mês de junho.
Como a licitação do poço do Alto Paraíso ainda deve ser publicada nas próximas semanas, os efeitos práticos do fornecimento extra de água devem ser sentidos, ainda segundo Heber Vieira, próximo ao final do ano, mas ainda dentro do período de estiagem.