Tanto a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) quanto a Secretaria Municipal de Cultura admitem que é preciso tornar mais atrativos os espaços públicos existentes na cidade para, de fato, retirar as crianças da rua. Segundo as pastas, no entanto, a cidade não está desprovida dessas áreas. Mas a escassez de equipamentos públicos de lazer, cultura e esportes, assim como a precariedade dos já existentes, principalmente, nas regiões periféricas de Bauru, são problemas discutidos por gerações.
Titular da Semel, Flávio Ismael da Silva Oliveira frisa que a pasta não tem orçamento suficiente para desenvolver ações dirigidas, como aulas de ginástica ou qualquer outra atividade, nos equipamentos públicos. "Nós precisamos de parcerias semelhantes àquela que firmamos com a ABDA, na qual a Semel oferece o transporte das crianças da região do Parque Primavera, onde algumas delas usam o cemitério para brincar, até a sede da entidade", acrescenta. Ainda nessa região, Oliveira argumenta que há parquinhos, praças e até um pequeno campo de futebol, mas reconhece a falta de ações dirigidas envolvendo professores e técnicos esportivos. "Se as crianças usam o cemitério para brincar, significa que o espaço é muito mais atrativo do que as áreas destinadas a esse fim", comenta o secretário, reforçando que discutirá o assunto com a Secretaria Municipal de Educação para buscar alternativas não só para o Parque Primavera, mas para os demais bairros periféricos da cidade.
Enquanto isso não acontece, a Semel pretende divulgar os projetos já existentes junto às escolas municipais, aproveitando a retomada das aulas presenciais neste segundo semestre. "Nós ainda sentimos o impacto da pandemia da Covid-19, que nos obrigou a suspender as atividades presenciais por um bom tempo. Com a flexibilização, conseguimos retomar algumas ações, como as aulas de boxe no salão de festas da Paróquia Santo Antônio (Bela Vista), de futsal no Ginásio Azulão (Bela Vista) e de ginástica artística no Ginásio Guilherme Dal Colletto (Vila Industrial)", descreve.
PRECAUÇÃO
Acompanhada do diretor da Divisão de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Cultura, José Luiz de Oliveira Coutinho, a titular da pasta, Tatiana Sa, reforça a ideia de que os espaços públicos precisam de maior atratividade, mas ressalta a importância evitar aglomerações e, consequentemente, a disseminação do novo coronavírus. Diante disso, todas as atividades ligadas à Cultura são realizadas virtualmente. "Ao longo da pandemia, nós nos dedicamos à manutenção do CEU das Artes e ao desenvolvimento de um programa de gerenciamento de sistemas, que, até então, a prefeitura precisava comprar", revela Coutinho, explicando que a ferramenta permitiu a reorganização e atualização de todo o acervo das bibliotecas.
Questionada sobre o fato de nem todos terem acesso a aparelhos celulares com Internet, a secretária afirma que os professores da rede municipal de ensino são orientados pela pasta em relação às atividades artísticas ideais para os alunos realizarem em casa. "Com a retomada das aulas presenciais neste segundo semestre, nós pretendemos voltar a desenvolver algumas ações nas nossas bibliotecas, como a do Ouro Verde, que foi integrada à Emei Roberval Barros", revela Tatiana, aventando a possibilidade de firmar parcerias como aquela com a Aelesab, que utiliza o CEU das Artes para capacitar jovens para o primeiro emprego.
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Aceituno Jr.
Diante da escassez de projetos que tornem os espaços públicos mais atrativos, as entidades assistenciais desempenham uma dupla função: acolher as pessoas em situação de vulnerabilidade social e desenvolver atividades chamativas a esse público.
Presidente do CMDCA, Natália Isabele Barbe afirma, inclusive, que "a retomada dos serviços de convivência e das aulas presenciais é de extrema importância para mitigar esse tipo de situação".
Já a coordenadora da Fundato, Andréa Ferreguti, informa que a rede assistencial se desdobrou para atender às famílias durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19. "Nem todos os assistidos tinham telefone para que nós pudéssemos acompanhá-los a distância e, por isso, o nosso trabalho seguiu de forma presencial, através de visitas periódicas, mas não conseguimos realizar as atividades dentro da instituição. Hoje, com uma maior flexibilização, retomamos essas ações, respeitando a ocupação de 80%", observa.
Mesmo assim, Ferreguti diz que ainda há muito o que fazer. "Nós perdemos um trabalho de anos e não dá para falar em resolver o problema de imediato. Agora, nos resta acolher, levantar todas as dificuldades das famílias e planejar a melhor maneira de ajudá-las", conclui.