Matriz econômica de Bauru, o setor terciário, formado pelo comércio e prestação de serviços, foi um dos mais afetados pelos fechamentos na quarentena. Com a aproximação do fim do período mais crítico da pandemia, estes são os setores que também têm puxado a recuperação econômica, que já apresenta os primeiros sinais.
Os dados mais recentes do Caged mostram que a cidade registrou saldo positivo de 302 empregos no comércio, entre admissões (1.177) e demissões (875), realizadas em maio deste ano (mês da última pesquisa). Hoje, o município possui estoque de 28,4 mil vínculos celetistas ativos.
A Associação Comercial Industrial de Bauru (Acib) avalia o resultado como tendência. Isto porque a pandemia acelerou o processo de integração do varejo físico com o digital nas empresas e estreitou e flexibilizou a relação delas com clientes.
"Os negócios têm se mostrado versáteis e se adaptado à agilidade, construindo softwares de relacionamentos, se posicionando e apostando em diferenciais. Vejo empresas do comércio tradicional que passaram a abordar os clientes e fazerem venda direta, com a facilidade de entregar até na casa da pessoa e a pessoa poder provar", observa o presidente da Acib, Reinaldo Cafeo.
28 MIL EMPRESAS
De acordo com a Secretaria Municipal de Finanças, a cidade possuía, em junho de 2021, 28 mil empresas com cadastros ativos no comércio e outros 89 mil microempreendedores (MEI). A Acib, por sua vez, acredita que há um atraso nestes números provocado por falta de baixas por falência e estima um total de 7,6 mil empresas em atividade no comércio, além de 19 mil MEIs.
Hoje, o comércio de Bauru é impulsionado pelas áreas de alimentação, eletroeletrônicos, confecções e sapatos, semijoias, automóveis e autopeças.
"Empresas que também apostaram na equipe treinada e consistente, porque sabiam que abrir mão poderia trazer problemas, são exemplos de negócios conectados com a nova realidade e certamente terão vida longa. Empresários que tiraram dinheiro do bolso para sustentarem seus negócios, com certeza terão maior envergadura para enfrentar o final da pandemia e recuperarem o investimento", analisa Cafeo.
Marcele Tonelli
Um exemplo de empresa que se adaptou ao mercado e, até mesmo durante as dificuldades da pandemia segurou empregos, é a Refrigás, que atua no comércio de peças para refrigeração, lavadoras e ar condicionado. Com início das atividades há 32 anos, na época era uma portinha na rua Cussy Júnior. Ao longo dos anos, a loja expandiu e aperfeiçoou seus negócios, apostou na venda online e se tornou distribuidora com frota própria, para atender com mais rapidez e agilidade os clientes. Hoje, a empresa conta com cerca de 100 trabalhadores e, além da sede na quadra 7 da rua Araújo Leite, possui três filiais. Bauruense criado no Bela Vista, Lair Gusmã Assis conta que aprendeu a trabalhar como técnico de geladeiras aos 13 anos. Após formar-se em Administração, resolveu abrir o próprio comércio de peças, que após estabelecer relações com empresas chinesas aumentou sua projeção e competitividade.
"Sempre enxerguei Bauru como um centro regional. O comércio é vibrante, é uma cidade que cresce sozinha, dado o entrocamento viário", elogia Assis.