A taxa de retransmissão (Rt) do novo coronavírus na região de Bauru chegou a 1,35 nesta sexta-feira (18), o que aponta uma aceleração do contágio da doença. O índice, que representa a média de pessoas que cada morador contaminado pode infectar, é calculado pelo projeto SP Covid-19 Info Tracker. Este dado preocupa ainda mais a Secretaria Municipal de Saúde, que continua buscando alternativas para frear esse ritmo e amenizar não somente a quantidade de bauruenses infectados, mas também a situação das unidades hospitalares do município que seguem lotadas, conforme o JC tem noticiado nas últimas semanas.
A taxa - que inclui os municípios de Bauru, Botucatu, Jaú e Lençóis Paulista - tem aumentado sucessivamente desde o último dia 28, quando estava em 0,93. "O ideal é que esteja abaixo de 1. E, sempre que o Rt está acima de 1, mostra que há um provável aumento do número de infectados. Então, esse índice em 1,35 significa que cada indivíduo pode transmitir para três ou quatro pessoas e assim por diante. Ou seja, indica que há aceleração da transmissão e provável aumento de casos da Covid-19", explica Ezequiel Santos, diretor da Divisão de Vigilância Epidemiológica, órgão da Secretaria de Saúde.
Vale lembrar que o Rt mais crítico foi registrado em 15 de janeiro: 1,8. O dado atual, apesar de estar abaixo desse recorde, serve para reforçar o alerta em relação à pandemia já aceso, considerando o cenário crítico em que Bauru se encontra.
Conforme o JC tem divulgado, unidades hospitalares estaduais e municipais da cidade estão lotadas e com longa fila de espera por leitos, principalmente de UTI. A prefeitura, inclusive, publicou decreto mais restritivo nesta quinta (17), para tentar frear o ritmo de contágio na cidade e aliviar a situação hospitalar. O resultado disso, contudo, não é imediato e só poderá ser visto em algumas semanas.
COMPORTAMENTO
Para Ezequiel Santos, a crescente piora do cenário está, em partes, atrelada ao comportamento da população, que extrapola o permitido pelas recentes flexibilizações feitas pelo Estado. "Existe uma imaturidade da população ao achar que, porque flexibilizou, a doença acabou. Isso não é verdade. A flexibilização dá mais autonomia para que a economia possa voltar a girar e as pessoas mantenham seus empregos, com muita responsabilidade e tomando as medidas necessárias. Mas, o que temos visto, são pessoas aproveitando disso para aglomerar, fazer festas e não usar máscara. Isso piora, e muito, a situação da pandemia. Aumenta o contágio e, consequentemente, a lotação hospitalar e os óbitos", detalha.
Para se ter uma ideia, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura, Bauru tinha, nesta sexta-feira (18), 4.313 casos ativos de Covid-19, ou seja, potenciais transmissores da doença. "É importante que a população colabore. Não se aglomere, mantenha o distanciamento social, use máscara e respeite as normas de contenção estabelecidas para que esse cenário mude rapidamente", pondera o diretor da Divisão.
VACINAÇÃO
Além do endurecimento de medidas, a prefeitura também deposita boas expectativas no resultado da vacinação, que tem avançado (leia mais na página ao lado).
"Nós esperamos que, com a imunização das pessoas com mais de 50 anos, que é a faixa etária mais afetada pela Covid-19 nos últimos meses após a mudança de perfil dos infectados, o cenário se alivie nas próximas semanas. E vale lembrar que a vacina não blinda ninguém de ter a doença. Mesmo vacinado, é importante continuar seguindo os protocolos, para se proteger e proteger o próximo", conclui Ezequiel Santos.