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11/04/2021

Um líder lapidado por duas carreiras

Na sala de trabalho, uma mescla entre a coleção de relógios comercializados pela rede joalheira tocada por ele e algumas lembranças de três décadas dedicadas à carreira militar, cuja noção de liderança fez com que alcançasse o sucesso em ambos os ofícios. Tenente-coronel reformado desde 2020, Alessandro Rosseto da Silva, de 47 anos, diz que tal característica, inclusive, garantiu a sobrevivência da Gold Silver neste período de retração econômica. A empresa, que conta com oito lojas, sendo três em Botucatu e cinco em Bauru, voltou às suas origens, ao retomar as vendas de porta em porta para driblar as restrições provocadas pela pandemia do novo coronavírus.

Natural de São Paulo, Alessandro conta com a ajuda das irmãs Luciana e Carolina, bem como da esposa Fabiana, com quem tem os filhos Pedro, Lara e Letícia, para administrar a Gold Silver, fundada em 1992, em Botucatu, pelos seus pais, o já falecido Claudeval Luciano da Silva e a comerciante aposentada Alaíde Aparecida Rosseto da Silva.

O empresário sente dificuldade em escolher se prefere a carreira militar ou corporativa. Tanto que conciliou as duas por muito tempo. "A noção de liderança, que eu adquiri com o trabalho junto à corporação, me ajudou a desempenhar ambas as funções", acrescenta.

Abaixo, Alessandro revive a sua trajetória, marcada pela paixão pelas duas carreiras, bem como pela família, que o impulsionou a chegar onde está. Confira alguns trechos da entrevista:

Jornal da Cidade - Você nasceu em São Paulo. Por qual motivo se mudou para Bauru?

Alessandro Rosseto da Silva - A minha família era meio cigana por conta do trabalho do meu pai junto à rede de supermercados Pão de Açúcar. Na primeira vez em que eu cheguei a Bauru, aos 7 anos, morava no Edifício Carmem e estudava no Lourenço Filho. Aos 12, passei a viver em Botucatu, onde fiquei até os 17, quando entrei na Academia de Polícia do Barro Branco, em São Paulo. Lá, terminei o Ensino Médio e fiz a graduação. Depois de formado, atuei em vários batalhões, mas consegui transferência para Bauru em 1999, porque nós tínhamos acabado de inaugurar a primeira loja da Gold Silver na cidade.

JC - Você mudava muito de cidade. Mesmo assim, conseguiu aproveitar a infância?

Alessandro - Com certeza. Eu conheço algumas pessoas que têm amigos de infância. Como nós nos mudávamos com frequência, não consegui estabelecer relações tão próximas. Por outro lado, aprendi a me adaptar muito rápido às mudanças.

JC - Por onde passou depois que se formou?

Alessandro - Eu me formei em dezembro de 1994 enquanto aspirante a oficial, momento em que comecei a trabalhar no 22.º Batalhão, na zona sul de São Paulo. Três anos depois, como 2.º tenente, consegui transferência para o 12.º Batalhão, em Botucatu, onde a minha família vivia. Em 1998, passei para 1.º tenente e entrei no curso de Direito na Unip, em Bauru. No ano seguinte, o meu pai decidiu montar uma loja na cidade e pedi para vir para o 4.º Batalhão. Aqui, atuei no Comando Noturno por dois anos. Em seguida, assumi o Comando da Base Leste e fiquei até me tornar relações públicas do Comando de Policiamento do Interior 4 (CPI-4). Paralelamente, ministrava aulas de Tiro Policial e Gestão pela Qualidade. Esta última disciplina, inclusive, me ajudou muito a desempenhar a minha atual profissão. Em 2009, veio a minha promoção à capitão e assumi o Comando da 6.ª Companhia, em Pederneiras. Lá, fiquei por apenas quatro meses, porque fui chamado para o Setor de Finanças do CPI-4, outra função que me preparou para a empresa. Em 2013, fiz o meu mestrado e, após quatro anos, já como major, assumi o 2.º Batalhão da Polícia Ambiental, em Birigui. No ano seguinte, atuei na Divisão de Finanças do CPI-4 até me aposentar como tenente-coronel, em 2020.

JC - Por que a PM em vez do comércio, afinal, você cresceu em uma família de comerciantes, não é?

Alessandro - O meu pai era supervisor de várias lojas do Pão de Açúcar e um parceiro que estava no mesmo nível que ele tinha um filho no Barro Branco. Isso me estimulou a fazer a prova, mas eu pensava que se tratava somente de um colégio militar. Entrei sem saber que me tornaria policial. Descobri na hora em que cheguei à instituição e gostei da ideia.

JC - Em qual momento você passou a conciliar as duas carreiras?

Alessandro - Em 2004, quando eu comandava a Base Leste, o meu pai começou a apresentar alguns sintomas de Alzheimer. Ele me propôs a sair da polícia e tocar o negócio da família. Não consegui, mas pedi um afastamento de um ano sem salário. Antes, precisei gozar de todos os benefícios pendentes, como férias e licença-prêmio. Juntando tudo, havia mais quatro meses. Neste período, nós inauguramos a loja da avenida Getúlio Vargas e acabei me empolgando. Contudo, o meu então comandante me aconselhou a não me distanciar por tanto tempo. Diante disso, resolvi tocar os dois até me aposentar pela polícia, em janeiro de 2020.

JC - Você assumiu a Gold Silver integralmente um pouco antes do início da pandemia. Como encarou a crise?

Alessandro - Em 2020, nós conseguimos controlar melhor as despesas, porque contamos com a ajuda dos proprietários dos imóveis que alugamos e do próprio governo federal, que flexibilizou as regras trabalhistas. Já neste ano, a situação se agravou, principalmente, por conta do aumento das restrições. Investimos no e-commerce e, também, decidimos trabalhar com revendedoras. Em Bauru, há 50 delas, que fazem o mesmo que a minha mãe antes da fundação da empresa: bater de porta em porta.

JC - A sua experiência em ambas as carreiras o ajudou a manter a empresa funcionando neste cenário?

Alessandro - Com certeza. A noção de liderança, que eu aprendi na carreira militar e aprimorei enquanto empresário, me ajudou a manter a equipe sempre motivada. Admitir a crise, mas trazer ideias para enfrentá-la, faz a diferença.



Fonte: JC Net
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